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domingo, 24 de junho de 2012

A Veja sabotou a capa da CartaCapital?




Quando vi a capa da revista CartaCapital desta semana, pensei que era a capa da Veja. Uma foto em close de Paulo Maluf rindo, e a revista contando a versão da história que os demotucanos gostam. O título diz “Vale Tudo: por 1 minuto e 43 segundos na TV, o PT troca Erundina por Maluf”.

Ora está tudo errado e fora do lugar nesta capa.

● Primeiro: Maluf não é o centro da eleição paulistana, é um político coadjuvante nela, e não há razão nenhuma que justifique dar essa dimensão de matéria de capa, por uma coisa que não tem essa relevância toda.

● Segundo: o PT não trocou Erundina. Pelo contrário, só fechou o apoio do PP de Maluf, depois de ter garantido o lugar de vice para ela. Logo, sequer passaria pela conversa com Maluf a questão de quem seria o vice. Foi Erundina quem renunciou a vice.

● Terceiro: não existe um “vale tudo”, porque o apoio do PP é pontual, é um dos partidos da coligação, e que já faz parte de base governista no plano federal há anos.

● Quarto: o tempo de TV tem seu peso para qualquer candidatura que queira ser vencedora, e é um grande erro negligenciar esse fator.
Com tanto assunto importante acontecendo, como a tentativa dos partidos conservadores em derrubar o presidente Lugo no Paraguai, como a Rio+20, a CartaCapital me vem com essa capa.


Sintonia Fina




Por que os venezuelanos são o povo mais feliz da América do Sul?

- por Paulo Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo



Me interesso muito pelas listas de felicidade nos países mundo afora. Em geral, elas combinam dados sociais e entrevistas nas quais um grupo representativo de pessoas diz qual é seu grau de felicidade numa escala de 1 a 10.

Foi ao ver uma delas, em que a Dinamarca estava na ponta e seus vizinhos nas primeiras colocações, que acabei conhecendo pessoalmente a Escandinávia. Era 2009, e fui para Copenhague para entender o que estava por trás da satisfação dos dinamarqueses. Fiz uma reportagem para a Época, da qual era então correspondente.

Bem, de lá para cá, sempre que posso vou à Escandinávia. Agora mesmo, poucos dias atrás, estive na Noruega e na Dinamarca em missões jornalísticas.

O modelo escandinavo é a coisa mais fascinante que encontrei na Europa. Combina as virtudes do capitalismo com as do socialismo de uma maneira extremamente bem sucedida.

Repare. Em todas as listas relativos a avanço social, a Escandinávia domina.

Bem, fiz este intróito porque outro dia vi uma lista da Gallup que colocava os venezuelanos como o quinto povo mais feliz do mundo.

Um levantamento da universidade americana de Columbia e chancelado pela ONU trouxe também os venezuelanos numa situação invejável: o povo mais feliz da América do Sul.

Como? Mas não é um inferno a Venezuela? Chávez não é o Satã?

Como curioso que sou, fui pesquisar para tentar entender.

Fui dar num estudo feito por um instituto americano chamado CEPR, baseado em Washington: “A Economia Venezuelana nos anos de Chávez”. O CEPR jamais poderia ser desqualificado como “chavista”.

E então fico sabendo coisas como essas:

1) Em 1998, quando Chávez assumiu o poder, havia 1628 médicos para uma população de 23,4 milhões. Dez anos mais tarde, eram quase 20 000 médicos para uma população de 27 milhões.

2) Os gastos sociais subiram de 8,2% do PIB, em 1998, para quase 14%. “Se comparamos a taxa de pobreza pré-Chávez (43,9%) com a registrada dez anos depois (27,5%), chegamos a uma queda de 37% no número de venezuelanos pobres”, afirma o estudo.

3) O índice de desemprego, que era de 19% em 1998, caiu pela metade.

No trabalho, os autores notam que a percepção entre os americanos sobre a Venezuela de Chávez é ruim. Motivo: a cobertura enviesada da mídia. E, com números, desmontam o mito de que o segredo do avanço da Venezuela está no petróleo e apenas nele.

Mas eu queria saber mais.

Dei no site do Jazeera, uma emissora árabe bancada pelo Catar que faz jornalismo de primeira qualidade. O Jazeera traz vozes que você não costuma encontrar na imprensa brasileira, e isso ajuda você a entender melhor o mundo.

Vi um programa jornalístico cujo título era: “Os venezuelanos estão melhor sob Chávez?” Como sempre, o Jazeera colocou especialistas com visão diferente. Um comentarista americano criticou o “espírito de mártir” de Chávez.

Mas os dados objetivos ninguém contestou. A mortalidade infantil diminuiu, a expectativa de vida aumentou, o número de universitários cresceu e as crianças venezuelanas testão indo à escola numa quantidade sem paralelo na história do país.

Um consultor americano de empresas interessadas em investir no exterior disse: “Quem quer que queira se eleger na Venezuela vai ter que dar prosseguimento aos programas sociais”. (O vídeo está no pé deste texto.)

Problemas? Muitos. Criminalidade alta, pobreza e desigualdade elevadas. Mas atenção: os problemas antes eram muito maiores.

Da imersão em Venezuela, compreendi por que Chávez é tão popular – e por que seu maior adversário nas eleições futuras é, na verdade, o câncer.


RN: O lugar onde o crime compensa #Caixa2doDEMnoRN




Esta semana fez exatamente um mês.

O que você acha que aconteceria caso uma das principais lideranças políticas do estado fosse flagrado em escutas telefônicas combinando o uso da conta pessoal de um tesoureiro de campanha para transferir dinheiro a fim de comprar apoio político de dois vereadores da capital? Se esse líder político fosse o marido da governadora do estado e um dos vereadores a serem comprados fosse o presidente da Câmara Municipal da capital?

Se esse mesmo líder, marido da governadora, em outra ligação, ao conversar sobre a defecção de dois deputados estaduais da campanha da mulher, dissesse literalmente que tinha “um dinheirinho para mandar” na tentativa de reverter a mudança de voto dos dois deputados? E se um desses dois deputados fosse o presidente da Assembleia Legislativa?

E se você ouvisse que seriam depositados R$ 100 mil na conta de campanha de um deputado federal mas que esse dinheiro não era dele? Ou seja, que o grupo político teria que inventar recibos e notas fiscais frios para retirar esse dinheiro da conta do deputado para uso na campanha ao senado. E se essa candidata ao senado, eleita, fosse a atual governadora do estado?

E se você ouvisse diversas gravações mostrando as articulações para uso de notas fiscais frias para justificar gastos de campanha na prestação de contas?

Você não veria nisso um escândalo político sem igual na história do estado em questão? Você não esperaria ver o tema estampado em todos os jornais locais e, inclusive, em veículos nacionais?

Você não gostaria de ver uma ação enérgica do Procurador Geral da República para investigar e punir exemplarmente os envolvidos - cujos crimes supostos prescreverão apenas em 2018?


Por que, então, o #Caixa2doDEMnoRN, com raras exceções, não foi destaque dos veículos convencionais de imprensa? Por que sequer revistas como a CartaCapital não lhe deram espaço? Por que apenas o jornal O globo se interessou e, ainda assim, foi silenciado pela ação do líder do PMDB na Câmara Federal? E por que ninguém se indignou com essa afronta à liberdade de imprensa?


Por que ninguém se indigna com a incapacidade da Procuradoria Geral da República em responder, há praticamente um mês, sobre o que foi feito de uma investigação que recebeu há três anos?

Por que essa enorme inação, silenciamento, sufocamento histórico?

Porque, parece, no RN o crime compensa. Para os poderosos. Mesmo que tantos elementos e indícios claros tenham sido levantados e deixem perplexos o que os lêem e ouvem, os poderosos têm o direito de não serem incomodados até que os seus supostos crimes prescrevam.

E tudo com a anuência, parece, do espreguiçador geral, Roberto Gurgel.

Vamos deixar, como sociedade, que crimes tão evidentes restem, ao fim, impunes? Vamos deixar que aqueles que fazem o meio campo entre a comunidade e os fatos prossigam omitindo fatos dessa gravidade? Quantos outros ainda serão sonegados? Quantos criminosos restarão impunes e aparecerão como éticos e perfeitos políticos? Probos.

Uma última questão: se o PGR não encontra os áudios e relatórios da investigação de 2006, que recebeu em 2009, o nosso Procurador Geral de Justiça, Manoel Onofre Neto, não poderia reencaminhá-los para Gurgel? Ainda dá tempo de a impunidade não prevalecer.


Linha do tempo

5 de setembro a 26 de outubro de 2006 - O telefone celular de Francisco Galbi Saldanha é inteceptado com autorização judicial no contexto de uma investigação em Campo Grande (RN). Em 42 conversas aparecem claramente diversas evidências de crimes eleitorais cometidos pelo PFL na campanha eleitoral: Caixa 2, compra de apoios políticos, compra de votos, uso de notas frias e falsos recibos.

2009 - com o fim da investigação principal, o Ministério Público estadual encaminha os áudios e relatórios do #Caixa2doDEMnoRN para o Ministério Público eleitoral no RN e para a Procuradoria Geral da República. Por envolver personagens com foro de prerrogativa, o MPE também encaminha o material para a PGR. Estão envolvidos a então senadora Rosalba Ciarlini (DEM), o senador José Agripino (DEM) e o deputado federal Betinho Rosado (DEM).

21 de maio de 2012 - Recebo os áudios da investigação e publico os primeiros deles. De imediato, o Blog do Barbosa deu ampla cobertura ao caso.

22 de maio de 2012 - O Jornal de Hoje publica a primeira de uma série de reportagens sobre o tema. O Portal No Minuto também cita o caso.

24 de maio de 2012 - O Ministério Público do RN emite nota de esclarecimento em que relata a investigação em questão e o envio das provas coletadas aos órgãos ministeriais adequados.

25 de maio de 2012 - Repórter Chico de Gois, da sucursal de O globo em Brasília, entra em contato interessado na pauta. A pauta foi derrubada, dias depois, após interferência do deputado federal Henrique Alves (PMDB), após pedido de Carlos Augusto Rosado, principal voz nas conversas gravadas.

27 de maio de 2012 - São publicados os últimos áudios dentre os 42 recebidos no início da semana.

28 de maio de 2012 - MPF no RN informa que material recebido do Ministério Público do RN foi encaminhado à Procuradoria Geral da República. Primeiro contato com a Procuradoria Geral da República em busca de informações sobre o que foi feito da investigação, recebida em 2009. Até hoje, a PGR não conseguiu responder.

30 de maio de 2012 - Realizado tuitaço com a hashtag #Caixa2doDEMnoRN, que permaneceu cerca de uma hora ininterrupta como mais citada do Twitter no Brasil. Nesse dia, o Blog do Miro divulgou os áudios.

7 de junho de 2012 - O #Caixa2doDEMnoRN é publicado com destaque pelo blog Vi o Mundo, de Luiz Carlos Azenha. No mesmo dia, é publicado pelo blog da Maria Fro, de Conceição Oliveira.

9 de junho de 2012 - Primeira publicação do caso no blog Conversa Afiada, de Paulo Henrique Amorim.

13 de junho de 2012 - A Tribuna do Norte fala, pela primeira vez, sobre o assunto. A colunista Eliana Lima publica entrevista com o Procurador Geral de Justiça, Manoel Onofre Neto, sobre o tema. Onofre reitera conteúdo da nota publicada em 24 de maio.

Nesse dia o processo que cuida das interceptações telefônicas no âmbito da justiça estadual foi reativado e foi apresentada uma petição, cujo teor não é conhecido.

14 de junho de 2012 - A secretária de comunicação da PGR informa que Roberto Gurgel, tendo fraturado o braço, está afastado por questão médica desde a semana anterior. Porém, Giselly Siqueira complementa a informação dizendo que ao questionar o PGR este lhe informou não se lembrar do caso. Mas ainda não havia resposta sobre o que foi feito da investigação no âmbito da Procuradoria Geral da República.

15 de junho de 2012 - O #Caixa2doDEMnoRN volta a ser assunto do Conversa Afiada, que desta vez enfatiza o fato de que o Procurador Geral da República, Roberto Gurgel, disse à sua secretária de comunicação que não se lembrava do caso.

18 de junho de 2012 - A governadora Rosalba Ciarlini (DEM) fala pela primeira vez sobre o caso ao ser perguntada sobre o assunto em entrevista ao vivo no Jornal 96, da FM96. Rosalba diz que as denúncias não são sérias pois, se fossem, seus adversários teriam interposto ação ainda em 2006. Suas contas de campanha foram aprovadas. Rosalba usa de uma falácia, uma vez que suas contas foram julgadas sem que o órgão ministerial e o TRE tivessem conhecimento dos áudios das investigações. Nem seus adversários sabiam, já que os áudios permaneceram desconhecidos até serem publicados no blog, mesmo sem estarem mais submetidos a segredo de justiça, segundo disse o MP.

21 de junho de 2012 - Um mês depois, continuamos sem resposta. E a sensação de que o crime no RN compensa. Ao menos para os poderosos, que tem o direito de não ser investigados conforme sua própria vontade.

Postado por Daniel Dantas Lemos

sábado, 23 de junho de 2012

Por qué derrocaron a Lugo?

de Atilio Boron*
Comentário de Jacob Blinder


Com o “Golpe Express” desfechado contra Fernando Lugo, presidente do Paraguai, as oligarquias desse país mancomunadas com interesses de algumas multinacionais e a serviço de interesses geopolíticos dos Estados Unidos no “Cone Sul” conseguiram, mesmo que temporariamente, uma tríplice vitória, ou seja, afastaram um presidente incomodo que agia contra seus interesses, neutralizam o crescente movimento popular que lutava contra o latifúndio improdutivo e na defesa de uma reforma agrária e o que é mais evidente criaram uma barreira contra os interesses do Brasil nessa região da América do Sul podendo facilitar a entrada dos Estados Unidos na conturbada tríplice fronteira e desencadear assim um artificial conflito militar. Em questões de defesa nacional e integração regional não poderá haver posições dúbias – caberá agora aos países do MERCOSUR, da UNASUR, da CELAC e da ALBA acordar novas ações de integração e de aproximação estratégica e definir como agirão dentro dessa nova situação geopolítica que surgiu com o golpe de estado no Paraguai. O artigo de Atilio Borón: ¿Por qué derrocaron a Lugo? (abaixo transcrito) transmite importantes informes sobre o tema. 





Hace unos minutos se acaba de consumar la farsa: el presidente del Paraguay Fernando Lugo fue destituido de su cargo en un juicio sumarísimo en donde el Senado más corrupto de las Américas -¡y eso es mucho decir!- lo halló culpable de "mal desempeño" de sus funciones debido a las muertes ocurridas en el desalojo de una finca en Curuguaty.

Es difícil saber lo que puede ocurrir de aquí en más. Lo cierto es que, como lo dice el artículo de Idilio Méndez que acompaña esta nota, la matanza de Curuguaty fue una trampa montada por una derecha que desde que Lugo asumiera el poder estaba esperando el momento propicio para acabar con un régimen que, pese a no haber afectado a sus intereses, abría un espacio para la protesta social y la organización popular incompatible con su dominación de clase.

Pese a las múltiples advertencias de numerosos aliados dentro y fuera de Paraguay, Lugo no se abocó a la tarea de consolidar la multitudinaria pero heterogénea fuerza social que con gran entusiasmo lo elevó a la presidencia en Agosto del 2008.

Su gravitación en el Congreso era absolutamente mínima, uno o dos senadores a lo máximo, y sólo la capacidad de movilización que pudiera demostrar en las calles era lo único que podía conferirle gobernabilidad a su gestión.

Pero no lo entendió así y a lo largo de su mandato se sucedieron múltiples concesiones a una derecha ignorando que por más que se la favoreciera ésta jamás iría a aceptar su presidencia como legítima. Gestos concesivos hacia la derecha lo único que hacen es envalentonarla, no apaciguarla.

Pese a estas concesiones Lugo siempre fue considerado como un intruso molesto, por más que promulgara en vez de vetarlas las leyes antiterroristas que, a pedido de "la Embajada", aprobaba el Congreso, el más corrupto de las Américas.

Una derecha que, por supuesto, siempre actuó hermanada con Washington para impedir, entre otras cosas, el ingreso de Venezuela al Mercosur. Tarde se dio cuenta Lugo de lo "democrática" que era la institucionalidad del estado capitalista, que lo destituye en un tragicómico simulacro de juicio político violando todas las normas del debido proceso.

Una lección para el pueblo paraguayo y para todos los pueblos de América Latina y el Caribe: sólo la MOVILIZACIÓN y ORGANIZACIÓN POPULAR sostiene gobiernos que quieran impulsar un proyecto de transformación social, por más moderado que sea, como ha sido el caso de Lugo.

La oligarquía y el imperialismo jamás cesan de conspirar y actuar, y si parece que están resignados esta apariencia es enteramente engañosa, como lo acabamos de comprobar hace unos minutos en Asunción.
Monsanto golpea en Paraguay: Los muertos de Curuguaty y el juicio político a Lugo. por Idilio Méndez Grimaldi (*)

Quienes están detrás de esta trama tan siniestra? Los propulsores de una ideología que promueven el máximo beneficio económico a cualquier precio y cuanto más, mejor, ahora y en el futuro.

El viernes 15 de junio de 2012, un grupo de policías que iba a cumplir una orden de desalojo en el departamento de Canindeyú en la frontera con Brasil, fue emboscado por francotiradores, mezclados con campesinos que reclamaban tierras para sobrevivir. La orden fue dada por un juez y una fiscala para proteger a un latifundista. Como resultado se tuvo 17 muertos; 6 policías y 11 campesinos y decenas de heridos graves. Las consecuencias: El laxo y timorato gobierno de Fernando Lugo quedó con debilidad ascendente y extrema, cada vez más derechizado, a punto de ser llevado a juicio político por un Congreso dominado por la derecha; duro revés a la izquierda, a las organizaciones sociales y campesinas, acusadas por la oligarquía terrateniente de instigar a los campesinos; avance del agronegocio extractivista de manos de las transnacionales como Monsanto, mediante la persecución a los campesinos y el arrebato de sus tierras y, finalmente, la instalación de una cómoda platea para la los oligarcas y los partidos de derecha para su retorno triunfal en las elecciones de 2013 al Poder Ejecutivo.

El 21 de octubre de 2011, el Ministerio de Agricultura y Ganadería, dirigido por el liberal Enzo Cardozo, liberó ilegalmente la semilla de algodón transgénico Bollgard BT de la compañía norteamericana de biotecnología Monsanto, para su siembra comercial en Paraguay. Las protestas campesinas y de organizaciones ambientalistas no se dejaron esperar. El gen de este algodón está mezclado con el gen del Bacillus Thurigensis, una bacteria tóxica que mata a algunas plagas del algodón, como las larvas del picudo, un coleóptero que oviposita en el capullo del textil. El Servicio de Nacional de Calidad y Sanidad Vegetal y de Semillas, SENAVE, otra institución del Estado paraguayo, dirigido por Miguel Lovera, no inscribió dicha semilla transgénica en los registros de cultivares, por carecer de los dictámenes del Ministerio de Salud y de la Secretaría del Ambiente, tal como exige la legislación.

Campaña mediática

Durante los meses posteriores, Monsanto, a través de la Unión de Gremios de Producción, UGP, estrechamente ligada al Grupo Zuccolillo, que publica el diario ABC Color, arremetió contra SENAVE y su presidente por no inscribir la semilla transgénica de Monsanto para su uso comercial en todo el país.

La cuenta regresiva decisiva pareció haberse dado con una nueva denuncia por parte de una seudosindicalista del SENAVE, de nombre Silvia Martínez, quien acusó el 7 de junio pasado a Lovera de corrupción y nepotismo en la institución que dirige, a través de ABC Color. Martínez es esposa de Roberto Cáceres, representante técnico de varias empresas agrícolas, entre ellas Agrosán, recientemente adquirida por 120 millones de dólares por Syngenta, otra transnacional, todas socias de la UGP.

Al día siguiente, viernes 8 de junio, la UGP publica en ABC a seis columnas: “Los 12 argumentos para destituir a Lovera” (1). Estos presuntos argumentos fueron presentados al vicepresidente de la República, correligionario del ministro de Agricultura, el liberal Federico Franco, quien en ese momento se desempeñaba como presidente de Paraguay en ausencia de Lugo, de viaje por Asia.

El viernes 15 del corriente mes, en ocasión a una exposición anual organizada por el Ministerio de Agricultura y Ganadería, el ministro Enzo Cardozo dejo escapar un comentario ante la prensa que un supuesto grupo de inversores de la India, del sector de los agroquímicos, canceló un proyecto de inversión en Paraguay por la presunta corrupción en SENAVE. Nunca aclaro de qué grupo se trataba. En esas horas de aquel día se registraban los trágicos sucesos de Curuguaty.

En el marco de esta exposición preparada por el citado ministerio, la transnacional Monsanto presentó otra variedad de algodón, doblemente transgénico: BT y RR o Resistente al Roundup, un herbicida fabricado y patentado por Monsanto. La pretensión de la transnacional norteamericana es la inscripción en Paraguay de esta semilla transgénica, tal como ya ocurrió en la Argentina y otros países del mundo.

Previamente a estos hechos, el diario ABC Color denunció sistemáticamente por presuntos hechos de corrupción a la ministra de Salud, Esperanza Martínez y al ministro del Ambiente, Oscar Rivas, dos funcionarios que no dieron su dictamen favorable a Monsanto.

Monsanto facturó el año pasado 30 millones de dólares, libre de impuestos, (porque no declara esta parte de su renta) solamente en concepto de royalties por el uso de semillas transgénicas de soja en Paraguay. Independiente, Monsanto factura por la venta de las semillas transgénicas. Toda la soja cultivada es transgénica en una extensión cercana a los tres millones de hectáreas, con una producción en torno a los 7 millones de toneladas en el 2010.

Por otro lado, en la Cámara de Diputados ya se aprobó en general el proyecto de Ley de Bioseguridad, que contempla crear una dirección de bioseguridad a cargo del Ministerio de Agricultura, con amplia potestad para la aprobación para su cultivo comercial de todas las semillas transgénicas, ya sean de soja, maíz, arroz, algodón y algunas hortalizas. Este proyecto de ley contempla la eliminación de la Comisión de Bioseguridad actual, que es un ente colegiado de funcionarios técnicos del Estado paraguayo.

En tanto transcurrían todos estos acontecimientos, la UGP viene preparando un acto de protesta nacional contra el gobierno de Fernando Lugo para el 25 de junio próximo. Se trata de una manifestación con maquinarias agrícolas, cerrando medias calzadas de las rutas en distintos puntos del país. Una de las reivindicaciones del denominado “tractorazo” es la destitución de Miguel Lovera del SENAVE, así como la liberalización de todas las semillas transgénicas para su cultivo comercial.

Las conexiones

La UGP está dirigida por Héctor Cristaldo, apoyado por otros apóstoles como Ramón Sánchez - quien tiene negocios con el sector de los agroquímicos - entre otros agentes de las transnacionales del agronegocio. Cristaldo integra el staff de varias empresas del Grupo Zuccolillo, cuyo principal accionista es Aldo Zuccolillo, director propietario del diario ABC Color desde su fundación bajo el régimen de Stroessner, en 1967. Zuccolillo es dirigente de la Sociedad Interamericana de Prensa, SIP. El Grupo Zuccolillo es socio principal en Paraguay de Cargill, una de las transnacionales más grandes del agronegocio en el mundo. La sociedad construyó uno de los puertos graneleros más importante del Paraguay, denominado Puerto Unión, a 500 metros de la toma de agua de la empresa aguatera del Estado paraguayo, sobre el Río Paraguay, sin ninguna restricción.

Las transnacionales del agronegocio en Paraguay prácticamente no pagan impuestos, mediante la férrea protección que tienen en el Congreso, dominado por la derecha. La presión tributaria en Paraguay es apenas del 13% sobre el PIB. El 60 % del impuesto recaudado por el Estado paraguayo es el Impuesto al Valor Agregado, IVA. Los latifundistas no pagan impuestos. El impuesto Inmobiliario representa apenas el 0,04% de la presión tributaria, unos 5 millones de dólares, según un estudio del Banco Mundial (2) aún cuando el agronegocio produce rentas en torno al 30 % del PIB, que representan unos 6.000 millones de dólares anuales. Paraguay es uno de los países más desiguales del mundo. El 85 por ciento de las tierras, unas 30 millones de hectáreas, está en manos del 2 por ciento de propietarios (3) que se dedican a la producción meramente extractivista o en el peor de los casos a la especulación sobre la tierra.

La mayoría de estos oligarcas poseen mansiones en Punta del Este o Miami y tienen estrechas relaciones con las transnacionales del sector financiero, que guardan sus bienes mal habidos en los paraísos fiscales o le facilitan inversiones en el extranjero. Todos ellos, de alguna u otra manera, están ligados al agronegocio y dominan el espectro político nacional, con amplias influencias en los tres poderes del Estado. Allí reina la UGP, apoyada por las transnacionales del sector financiero y del agronegocio.

Los hechos de Curuguaty
Curuguaty es una ciudad ubicada al este de la Región Oriental del Paraguay, a unos 200 km de Asunción, capital del Paraguay. A unos kilómetros de Curuguaty se halla la estancia Morombí, propiedad del terrateniente Blas Riquelme, con más de 70 mil hectáreas en ese lugar. Riquelme proviene de la entraña de la dictadura de Stroessner (1954-1989) bajo cuyo régimen amasó una inmensa fortuna, aliado al general Andrés Rodríguez, quien ejecutó el golpe de Estado que derrocó al dictador Stroessner. Riquelme, que fue presidente del Partido Colorado por muchos años y senador de la República, dueño de varios supermercados y establecimientos ganaderos, se apropió mediante subterfugios legales de unas 2.000 hectáreas, aproximadamente, que pertenecen al Estado paraguayo.

Esta parcela fue ocupada por los campesinos sin tierras que venían solicitando al gobierno de Fernando Lugo su distribución. Un juez y una fiscala ordenaron el desalojo de los campesinos, a través del Grupo Especial de Operaciones, GEO, de la Policía Nacional, cuyos miembros de élite en su mayoría fueron entrenados en Colombia, bajo el gobierno de Uribe, para la lucha contrainsurgente.

Sólo un sabotaje interno dentro de los cuadros de inteligencia de la Policía, con la complicidad de la Fiscalía, explica la emboscada, en la cual murieron 6 policías. No se comprende cómo policías altamente entrenados, en el marco del Plan Colombia, pudieron caer fácilmente en una supuesta trampa tendida por campesinos, como quiere hacer creer la prensa dominada por los oligarcas. Sus camaradas reaccionaron y acribillaron a los campesinos, matando a 11, quedando unos 50 heridos. Entre los policías muertos estaba el jefe del GEO, comisario Erven Lovera, hermano del teniente coronel Alcides Lovera, jefe de seguridad del presidente Lugo.

El plan consiste en criminalizar, llevar hasta el odio extremo, a todas las organizaciones campesinas, para empujar a los campesinos a abandonar el campo para el uso exclusivo del agronegocio. Es un proceso lento, doloroso, de descampesinización del campo paraguayo, que atenta directamente contra la soberanía alimentaria, la cultura alimentaria del pueblo paraguayo, por ser los campesinos productores y recreadores ancestrales de toda la cultura guaraní.

Tanto la Fiscalía o Ministerio Público, como el Poder Judicial y la Policía Nacional, así como diversos organismos del Estado paraguayo, están controlados mediante convenios de cooperación por USAID, la agencia de cooperación de los Estados Unidos.

El asesinato del hermano del jefe de seguridad del presidente de la República obviamente es un mensaje directo a Fernando Lugo, cuya cabeza sería el próximo objetivo, probablemente a través de un juicio político, quien derechizó más su gobierno tratando de calmar a los oligarcas. Lo ocurrido en Curuguaty tumbó a Carlos Filizzola del Ministerio del Interior y fue nombrado en su reemplazo a Rubén Candia Amarilla, proveniente del opositor Partido Colorado, al cual Lugo lo derrotó en las urnas en el 2008, luego de 60 años de dictadura colorada, incluyendo la tiranía de Alfredo Stroessner.

Candia fue ministro de Justicia del gobierno colorado de Nicanor Duarte (2003-2008) y se desempeñó como fiscal general del Estado por un periodo, hasta el año pasado, cuando fue reemplazado por otro colorado, Javier Díaz Verón, a instancia del propio Lugo. Candia es acusado de haber promovido la represión a dirigentes de organizaciones campesinas y de movimientos populares. Su nominación a Fiscal General del Estado en el 2005 fue aprobado por el entonces embajador de los Estados Unidos, Jhon F. Keen. Candia fue responsable de un mayor control por parte de USAID del Ministerio Público y fue acusado en los inicios de su gobierno por Fernando Lugo de conspirar en su contra para quitarlo del gobierno. Tras asumir como el ministro político de Lugo, lo primero que anunció Candia fue la eliminación del protocolo de diálogo con los campesinos que invaden propiedades. El mensaje es que no habrá conversación, sino simplemente la aplicación de la ley, lo que significa emplear la fuerza policial represiva sin contemplación.

Dos días después de asumir Candia Amarilla, los miembros de la UGP, encabezado por Héctor Cristaldo, ya visitaron al flamante ministro del Interior, a quien solicitaron garantías para la realización del denominado tractorazo. Sin embargo, Cristaldo dijo que la medida de fuerza puede ser suspendida en caso de nuevas señales favorables para la UGP (léase liberación de las semillas transgénicas de Monsanto, destitución de Lovera y otros ministros, entre otras ventajas para el gran capital y los oligarcas) derechizando aun más el gobierno.

Cristaldo es precandidato a diputado para las elecciones de 2013 por un movimiento interno del Partido Colorado, liderado por Horacio Cartes, un empresario investigado en el pasado reciente por Estados Unidos por lavado de dinero y narcotráfico, según el propio diario ABC Color, que se hizo eco de varios cables del Departamento de Estado de USA, publicado por WikiLeaks, entre ellos uno que aludía directamente a Cartes, el 15 de noviembre de 2011.

Juicio político a Lugo


En las últimas horas, mientras se redactaba esta crónica, la UGP, (4) algunos integrantes del Partido Colorado y los propios integrantes del Partido Liberal Radical Auténtico, PLRA, dirigido por el senador Blas Llano y aliado del gobierno, amenazan con un juicio político Fernando Lugo para destituirlo como presidente de la República del Paraguay.

Lugo depende del humor de los colorados para seguir como presidente de la República, así como de sus aliados liberales, que ahora lo amenazan con juicio político, con seguridad buscando más espacios de poder (dinero) como prenda de paz. El Partido Colorado, aliado a otros partidos minoritarios de la oposición, tiene la mayoría necesaria como para destituir al presidente de sus funciones.

Quizás se esperan “las señales favorables” de Lugo que la UGP - en nombre de la Monsanto, la patria financiera y los oligarcas - está exigiendo al gobierno. Caso contrario, se estaría pasando a una siguiente fase de los planes de copamiento de este gobierno que nació como progresista y lentamente va terminando como conservador, controlado por los poderes fácticos.

Entre algunos de sus haberes, Lugo es responsable de la aprobación de la Ley Antiterrorista, propiciada por Estados Unidos en todo el mundo después del 11 S. Autorizó en 2010 la implementación de la Iniciativa Zona Norte, consistente en la instalación y despliegue de tropas y civiles norteamericanos en el norte de la Región Oriental - en las narices del Brasil - supuestamente para desarrollar actividades a favor de las comunidades campesinas.

El Frente Guazú, coalición de las izquierdas que apoya a Lugo, no logra unificar su discurso, y sus integrantes pierden la perspectiva en el análisis del poder real, cayendo en los juegos electoralistas inmediatistas. Infiltrados por USAID, muchos integrantes del Frente Guazú que participan en la administración del Estado, sucumben ante los cantos de sirena del consumismo galopante del neoliberalismo. Se corrompen hasta los tuétanos y en la práctica se convierten en émulos vanidosos de engreídos ricos que integraban los recientes gobiernos del derechista Partido Colorado.

Curuguaty también engloba un mensaje para la región, especialmente para Brasil, en cuya frontera se producen estos hechos sangrientos, claramente dirigidos por los amos de la guerra, cuyos teatros de operaciones se pueden observar en Irak, Libia, Afganistán y ahora Siria. Brasil está construyendo hegemonía mundial junto a Rusia, India y China, denominado BRIC. Sin embargo, Estados Unidos no ceja en su poder de persuasión al gigante de Sudamérica. Ya está en marcha el nuevo eje comercial integrado por México, Panamá, Colombia, Perú y Chile. Es un muro de contención a los deseos expansionistas del Brasil hacia el Pacífico.

Mientras, Washington sigue con su ofensiva diplomática en Brasilia, tratando de convencer al gobierno de Dilma Rousseff a estrechar vínculos comerciales, tecnológicos y militares. Entre tanto, la IV Flota de los Estados Unidos, reactivada hace unos años después de estar fuera de servicio apenas culminó la Segunda Guerra Mundial, vigila todo el Atlántico Sur, en carácter de otro cerco al Brasil por si no comprendiese la persuasión diplomática.

Y Paraguay es un país en disputa entre ambos países hegemónicos, dominado aun ampliamente por USA. Por eso lo de Curuguaty es también una pequeña señal para Brasil, en el sentido que el Paraguay puede convertirse en un polvorín que quebrantará el desarrollo del suroeste del Brasil.

Pero por sobre todo, los muertos de Curuguaty es una señal del capital, del gran capital, del extractivismo expoliador, que asuela el Planeta y aplasta la vida en todos los rincones de la Tierra en nombre de la civilización y el desarrollo. Por fortuna, los pueblos del mundo también van dando respuestas a estas señales de la muerte, con señales de resistencia, con señales de dignidad y de respeto a todas formas de vida en el Planeta.

Sábado 23 de junio de 2012

1- http://www.abc.com.py/edicion-impre... 2- Documento del Banco Mundial. Paraguay. Impuesto Inmobiliario: Herramienta clave para la descentralización fiscal y el mejor uso de la tierra. Volumen I: Informe principal. 2007. 3- Censo Agropecuario Nacional 2008. 4- http://www.abc.com.py/edicion-impre...
(*) Periodista, investigador y analista. Miembro de la Sociedad de Economía Política del Paraguay, SEPPY. Autor del libro Los Herederos de Stroessner.


Prisões, privatização e padrinhos!




Saiu na Folha (inadvertidamente) (*) :

de Paul Krugman

Nos últimos dias, o “New York Times” publicou uma série de reportagens aterrorizantes sobre o sistema de casas de semi-internato de Nova Jersey -que serve como ala auxiliar, operada pelo setor privado, do sistema penitenciário estadual. A série é um modelo de jornalismo investigativo e todos deveriam ler esses artigos. Mas também é preciso que seja analisada como parte de um contexto mais amplo. Os horrores descritos são parte de um padrão mais amplo sob o qual funções do governo estão sendo a um só tempo privatizadas e degradadas.
Vamos começar pelas casas de semi-internato. Em 2010, Chris Christie, o governador de Nova Jersey -que tem conexões pessoais com a Community Education Centers, a maior operadora dessas instalações, para a qual no passado trabalhou fazendo lobby-, descreveu as operações da empresa como “uma representação do que há de melhor no espírito humano”. Mas as reportagens revelam, em lugar disso, algo mais próximo ao inferno -um sistema mal gerido, com escassez de funcionários e equipes desmoralizadas, do qual os mais perigosos indivíduos muitas vezes escapam para causar estragos e no qual os criminosos menos violentos enfrentam terror e abusos da parte dos demais detentos.
A história é terrível. Mas, como eu disse, é necessário vê-la no contexto mais amplo de uma campanha nacional da direita norte-americana pela privatização de funções de governo, o que enfaticamente inclui a administração de prisões. O que move essa campanha?
Seria tentador dizer que ela reflete a crença dos conservadores na magia do mercado, na superioridade da concorrência livre sobre o planejamento governamental. E essa é certamente a maneira pela qual os políticos da direita gostariam de ver a questão enquadrada.
Mas basta pensar por um minuto para perceber que uma coisa que as empresas que formam o completo penitenciário privado -companhias como a Community Education ou a gigante setorial Corrections Corporation of America- não fazem é concorrer em um mercado livre. Elas na realidade vivem de contratos governamentais. Assim, não existe mercado, e portanto nenhum motivo para prever ganhos mágicos de eficiência.
E o fato é que, apesar das muitas promessas de que privatizar penitenciárias resultaria em grande economia de custos, essa economia -como concluiu um estudo abrangente conduzido pelo Serviço de Assistência Judiciária, parte do Departamento da Justiça norte-americano- “simplesmente não se concretizou”. Os operadores privados de penitenciárias só conseguem economizar dinheiro por meio de “reduções em quadros de funcionários, nos benefícios conferidos aos trabalhadores e em outros custos trabalhistas”.
Assim, é hora de conferir: as penitenciárias privadas economizam dinheiro porque empregam menos guardas e outros funcionários, e pagam menos a eles. E em seguida lemos histórias de horror sobre o que acontece nas prisões. Que surpresa!
O que deixa a questão dos motivos reais para a campanha pela privatização das penitenciárias, e de praticamente tudo mais.
Uma resposta é que a privatização pode servir como forma encoberta de elevar o endividamento do governo, já que este deixa de registrar despesas antecipadas (e pode até arrecadar dinheiro pela venda de instalações existentes), e eleva os custos de longo prazo de maneira invisível pelos contribuintes. Já ouvimos muito sobre dívidas estaduais ocultas em forma de passivos de pensão futuros; mas não ouvimos o bastante sobre as dívidas futuras que estão sendo acumuladas agora na forma de contratos de longo prazo com empresas privadas empregadas para operar penitenciárias, escolas e muito mais.
Outra resposta para a privatização é que ela representa uma forma de eliminar funcionários públicos, que têm o hábito de formar sindicatos e tendem a votar nos democratas.
Mas a principal resposta certamente está no dinheiro. Pouco importa o efeito que a privatização tenha ou não sobre os orçamentos estaduais. Pense, em lugar disso, nos benefícios que ela traz para os fundos de campanha e as finanças pessoais dos políticos e seus amigos. Com a privatização de mais e mais funções governamentais, os Estados se tornam paraísos de pagamento nos quais contribuições políticas e pagamentos a amigos e parentes se tornam parte da barganha na obtenção de contratos do governo. As empresas estão tomando o controle dos políticos ou os políticos estão tomando o controle das empresas? Pouco importa.
É claro que alguém vai certamente apontar que as porções não privatizadas do governo também enfrentam problemas de influência indevida, que os sindicatos dos guardas penitenciários e professores têm influência política e esta ocasionalmente distorce as decisões governamentais. É justo. Mas essa influência tende a ser relativamente transparente. Todo mundo sabe sobre as aposentadorias supostamente absurdas do setor público; já revelar o inferno das casas de semi-internato de Nova Jersey requereu meses de investigação pelo “New York Times”.
O que importa, portanto, é que não se deve imaginar aquilo que o “New York Times” descobriu sobre a privatização de prisões em Nova Jersey como exemplo isolado de mau comportamento. Trata-se, na verdade, quase certamente de apenas um vislumbre de uma realidade cada vez mais presente, de uma conexão corrupta entre privatização e apadrinhamento que está solapando as funções do governo em muitas regiões dos Estados Unidos.
Tradução de Paulo Migliacci


E o Conversa Afiada comenta:

Só um Premio Nobel de Economia, americano e colunista do New York Times seria capaz de publicar na Folha uma condenação implacável da Privataria Tucana.

Sobre o livro do Amaury, aparentemente o Otavinho se submeteu a pressão irresistivel do Padim Pade Ciço e fingiu que não viu.

Mas, o que dirão o Padim e o FHC do Krugman ?

Que ele é petista ?

Que ele não entende de cambio ?

Que ele não sabe que o Daniel Dantas “foi brilhante”?

A essa altura da manhã deste sábado, o Padim já ligou para o Otavinho e pediu a cabeça do “editor” de artigos.

Paul Krugman na Folha ?

Onde já se viu isso?

Como ele fez quando a Maria Inês Nassif escrevia sobre Politica no Valor: tratar de Politica no Valor ?

Onde já se viu isso ?

Só quem pode tratar de Politica é o Merval !

E por falar em Padim, quando é que começa a CPI da Privataria, presidente Marco Maia ?

Vai ser antes do julgamento do mensalão ?

Paulo Henrique Amorim

(*) Folha é um jornal que não se deve deixar a avó ler, porque publica palavrões. Além disso, Folha é aquele jornal que entrevista Daniel Dantas DEPOIS de condenado e pergunta o que ele achou da investigação; da “ditabranda”; da ficha falsa da Dilma; que veste FHC com o manto de “bom caráter”, porque, depois de 18 anos, reconheceu um filho; que matou o Tuma e depois o ressuscitou; e que é o que é, porque o dono é o que é; nos anos militares, a Folha emprestava carros de reportagem aos torturadores.


Será??? Exame de DNA já!!!



GUERRILHEIROS VIRTU@IS querem exame de DNA!

Pescada do Esquerdopata

Lugo: exceção ou o golpismo ainda lateja na América Latina?




O Senado paraguaio concluiu nesta sexta-feira o enredo do golpe iniciado no dia anterior e aprovou, por 39 votos a favor e quatro contra, o impeachment do presidente da República, Fernando Lugo. De olho nas eleições de abril de 2013, a oligarquia, a Igreja e a mídia (leia a entrevista com o Presidente do Equador, Rafael Correa, nesta pág) queriam a destituição do ex-bispo eleito em 2008, cuja base de apoio é maior no interior (40% da população vive no campo), sendo porém pouco organizada e pobre (30% está abaixo da linha da pobreza). A pressa evidenciada no rito sumário da votação, questionável até do ponto de vista jurídico, tinha como objetivo impedir a mobilização desses contingentes dispersos, pouco contemplados por um Estado fraco, desprovido de receita fiscal e acossado por interesses poderosos. O torniquete histórico que levou à destituição de Lugo ainda expressa a realidade estrutural de boa parte da América Latina.

Quando o Parlamento concluiu a votação havia do lado de fora pouco mais de dois mil manifestantes contrários ao golpe (número que dobrou à noite), mas vigiados por um aparato repressivo de escala equivalente.

Lugo recebeu a notícia no Palácio de governo. A determinação dos golpistas ignorou solenemente a pressão internacional: dirigentes da Unasul advertiram pouco antes da votação que o organismo poderá não reconhecer um governo resultante da ruptura democrática consumada.

Ex-bispo da linha progressista do catolicismo latino-americano, Lugo foi eleito em 2008 pelos extratos mais pobres que formam o grosso da população paraguaia. À frente de um aparelho de Estado fraco, com receita fiscal inferior a 12% do PIB, seu governo transpirava a fragilidade de quem não conseguia atender as urgências da base social, mas tampouco desfrutava da complacência de uma oligarquia poderosa, sedimentada em 61 anos de poder 'colorado' --sendo que desses, 34 só de ditadura do general Stroessner.

Conflitos sociais insolúveis marcaram a presidência do religioso adepto da Teologia da Libertação que não reprimia os movimentos sociais, buscando canalizar suas demandas para um esforço de organização dos excluídos. Com a proximidade das eleições de abril de 2013, a oligarquia paraguaia decidiu implodir essa dinâmica incômoda. Antecipou a sua volta ao poder através de um atalho expresso: um impeachment golpista processado em 24 horas.

O torniquete enfrentado por Lugo, infelizmente, não representa uma exceção no cenário da América Latina. Estado fraco, baixa receita fiscal, desequilíbrios sociais explosivos (2% dos proprietários paraguaios tem 75% das terras), uma organização popular insuficiente, elites intransigentes (um programa similar ao Bolsa Família foi rejeitado pelo mesmo Congresso que derrubou o Presidente e resistiu ao ingresso da Venezuela no Mercosul) e uma mídia golpista formam um padrão ainda disseminado.Um dia antes do do impeachment o jornal Valor Econômico, de identidade insuspeita na defesa dos mercados, dedicou ao Paraguai uma coluna sugestivamente intitulada "O paraíso do Estado mínimo". Nela arrola dados do torniquete fiscal/social/conservador que 24 horas depois asfixiria a experiência de um governante avesso a esse redil histórico.

Com pequenos ajustes locais, versões semelhantes dessa sinuca feita de Estado mínimo e exclusão social máxima repetem-se na Bolívia, Guatemala, Honduras, Peru, El Salvador, Equador, Nicarágua etc.

A fragilidade das políticas públicas na América Latina --agravada pelo ciclo neoliberal,que ainda encontra defensores no Brasil demotucano-- é proporcional a esse engessamento, proveniente de uma carga fiscal média que não excede a 18% do PIB (ela alcança 35% no Brasil e vai a 40% na União Européia, pré-crise). Mesmo a receita diponível provém de uma base que acentua desigualdades em vez de corrigi-las: na média da região, mais de 50% da arrecadação é baseada em impostos indiretos, pagos de forma linear por toda população com efeito socialmente nulo ou regressivo. Para efeito de comparação, na UE (pré-crise) 40% do resultado tributário origina-se de impostos diretos; o restante provém de tributos indiretos e segurança social.

Vincular a solução dos problemas sociais da AL a uma gradual evolução rumo a uma estrutura tributária mais justa equivale a apostar em uma reforma agrária ancorada em acordo de cooperação pacífica entre latifundiários e trabalhadores sem-terra. Enquanto se espera pelo milagre, o espaço para políticas sociais redistributivas persiste acanhado, ao passo que as tensões e a insatisfação popular crescem atiçando o apetite golpista.

Não por acaso, ao ser informado do andamento do impeachment na sexta-feira, Rafael Correa, Presidente do Equador, ele mesmo vítima de uma tentativa golpista, em setembro de 2010, preocupou-se: " Se isso for bem sucedido abre um precedente perigoso na região". A ver a capacidade de resistência do povo paraguaio e a reação internacional nas próximas horas.

Postado por Saul Leblon


sexta-feira, 22 de junho de 2012

RIO + 20 - Marina Silva e a dificuldade de conviver com a realidade



A ex-Ministra e Senadora Marina Silva escreve para o Jornal Folha de São Paulo e, no dia de hoje, aborda o resultado da CONFERÊNCIA RIO + 20, como ela mesma diz, "com a visão tolhida pela proximidade dos fatos".

Marina Silva apresenta uma grande dificuldade em analisar situações políticas ( E o Meio Ambiente é política pura) como elas são, e não como gostaria que fossem. Fica bem, é perfeitamente compreensível "cores barulhentas" e busca de "perfeição" quando isso vem dos movimentos sociais, mas não no caso da ex-ministra, que para além do seu "ativismo ecológico", transita dentro da política e sabe muito bem como são decididas as questões que envolvem o poder e o dinheiro.




Marina Silva sabe muito bem que a crise econômica por que passam os Estados Unidos e a Europa, interferiu de forma pesada no sentido de brecar avanços na questão ambiental. Sem o desemprego, sem o rombo nas contas públicas, sem os Bancos quebrando, EUA e EUROPA teriam mais espaço para ceder em algumas das propostas de sustentabilidade. RÚSSIA, CHINA E ÍNDIA, possuem governos que apostam tudo no chamado "desenvolvimento" a qualquer preço, relegando essa mesma sustentabilidade ao patamar possível de ser conciliado com seu objetivo maior.




A distância entre "os povos e os Estados" acontece na Rio + 20, como acontece nas ruas de Atenas, ou em Moscou, como aconteceu sempre em relação a outras situações de vital importância para países, seus povos e para o Planeta como um todo. O dia em que "povo e governo" estiverem em perfeita sintonia, viveremos no "PARAÍSO". Cabe aqui um AVISO: Vai demorar para acontecer.



A ex-Ministra e ex-candidata à presidência da República do Brasil, comete ainda equívoco, ao cobrar do governo brasileiro uma ação mais "incisiva" para conseguir um "texto final" que não "decepcionasse". Quem acompanhou a Conferência com "olhos de ver", anotou o esforço que nossa Diplomacia fez para elaborar um Relatório que fosse aceito por todos os governos, contendo avanços e compromissos que eles estivessem no mínimo dispostos a cumprir.




Soa como crítica fácil e fala de oposicionista, a cobrança de Marina Silva em relação a postura do governo brasileiro na RIO + 20. Eu tenho respeito pela ambientalista que ela é, comungo com seus ideais de preservação e sustentabilidade, mas, é forçoso reconhecer que, muito difícil é a MISSÃO de fazer todo o Planeta pensar e agir de comum acordo.

Marina Silva parece esquecer que não conseguiu tarefa muito mais simples, a de conciliar os seus interesses com os correligionários do PV, que ela acabou por deixar.

Postado por 007BONDeblog



Comentário do Senhor C.:

- Nesta minha longa vida, só conheci um lugar onde povo e governos viviam em harmonia. Nas páginas de um livro de um senhor chamado Thomas Morus, e que se chamava, justamente, A Utopia.


A hipocrisia da pequena política


VÁRIAS CANDIDATURAS DISPUTARAM O APOIO DO PP. NENHUMA CRÍTICA FOI FEITA. MAS, QUANDO O PT CONSEGUE AMPLIAR A SUA ALIANÇA, TODO O RIGOR DA COERÊNCIA É TIRADO DAS GAVETAS E ARMÁRIOS

Edinho Silva - Brasil 247

Desde os primórdios do desenvolvimento do Estado, a política é tida como o instrumento para o avanço da sociedade. Muito sangue humano foi derramado para que a ação política substituísse a força do Estado (primitivo ou moderno) pela formação de consensos sociais.

É a capacidade de aglutinação da política, então, o grande instrumento para a construção da sociedade democrática no seu sentido mais amplo, inclusive econômico.

Outra reflexão: todos os grandes teóricos que pensaram os partidos políticos podem divergir nas concepções ideológicas e nas premissas teóricas, mas todos convergem em uma concepção: o partido não é um fim em si mesmo, ele é um instrumento de ação social.

Poderia também, aqui, resgatar o conceito de hegemonia em Gramsci. Contudo, penso que vale o registro e desnecessário o resgate. Em síntese: a parte não hegemoniza o todo, mas sim a força do consenso determina a amplitude da ação.

Esse breve resgate se torna útil para respaldar a seguinte afirmação: quanta hipocrisia nas reflexões sobre a aliança do PT com o PP na capital paulista.

Respeito a decisão de foro íntimo (firmada em uma leitura política, mas que expressa a sua visão pessoal da conjuntura e da correlação de forças na construção de um projeto de cidade, Estado e país) da deputada Luiza Erundina. Mas não posso me calar diante das opiniões provenientes do fato.

Várias candidaturas disputaram o apoio do PP. Nenhuma crítica histórica ou moral foi feita. Mas, quando o PT consegue ampliar a sua aliança, aumentando a sua capacidade de diálogo com o eleitorado, todo o rigor da coerência é tirado das gavetas e armários.

Por que a mesma crítica não foi feita antes? O PT não é o único partido que tem lideranças que lutaram pela democratização do Brasil. Vale aqui relembrar que quando houve a aproximação do PSD à pré-candidatura de Haddad presenciamos o mesmo fenômeno. A quem interessa a limitação política do PT?

Ninguém viu pela imprensa o Partido do Trabalhadores "abrindo mão" de suas concepções programáticas para ampliar a política de alianças. Estamos, sim, buscando a construção de uma coalizão partidária.

Queremos apresentar ao complexo eleitorado paulistano propostas concretas para fazer de São Paulo não só uma cidade rica, mas também socialmente justa e sustentável. A mesma coalizão que sustentou o governo Lula e sustenta o governo Dilma, que criou as condições políticas para a maior transformação econômica e social da nossa história, tem de ser perseguida na cidade de São Paulo.

O PT é um partido que amadureceu e sabe do seu papel histórico, sabe das suas responsabilidades. Queremos ser o partido em São Paulo que tenha a capacidade de ajudar a constituir coalizões, de formar consensos, de transformar sentimentos e desejos da sociedade em ideias hegemônicas.

Sabemos da complexidade da sociedade paulistana e paulista, mas também sabemos que é possível oferecer, agora em 2012, à população da cidade de São Paulo o mesmo projeto que transforma o Brasil.

Em tempo e sem hipocrisia, vamos debater também a imoralidade das enchentes que humilham as famílias paulistanas, o inaceitável trânsito e transporte público, a caótica saúde, a desorganizada educação, a conservadora política de segurança pública. Vamos debater o que move a candidatura de Haddad e a necessária coalizão política.

Resgatando a concepção pedagógica de Paulo Freire quando trata do dialogo e conflito, em uma frase bastante utilizada pelo presidente Lula: "Vamos juntar os diferentes para vencermos os antagônicos".

EDINHO SILVA, 47, sociólogo, é presidente do PT do Estado de São Paulo e deputado estadual.

A crise no Paraguai e a estabilidade continental



por Mauro Santayana - JB Online

Toda unanimidade é burra, dizia o filósofo nacional Nelson Rodrigues. Toda unanimidade é suspeita, recomenda a lucidez política. A unanimidade da Câmara dos Deputados do Paraguai, em promover o processo de impeachment contra o presidente Lugo, seria fenômeno político surpreendente, mas não preocupador se não estivesse relacionado com os últimos fatos no continente.

Na Argentina, a presidente Cristina Kirchner enfrenta uma greve de caminhoneiros, em tudo por tudo semelhante à que, em 1973, iniciou o processo que levaria o presidente Salvador Allende à morte e ao regime nauseabundo de Augusto Pinochet. Hoje, todos nós sabemos de onde partiu o movimento. Não partiu das estradas chilenas, mas das maquinações do Pentágono e da CIA. Uma greve de caminhoneiros paralisa o país, leva à escassez de alimentos e de combustíveis, enfim, ao caos e à anarquia. A História demonstra que as grandes tragédias políticas e militares nascem da ação de provocadores.

O Paraguai, nesse momento, faz o papel do jabuti da fábula maranhense de Vitorino Freire. Ele é um bicho sem garras e sem mobilidade das patas que o faça um animal arbóreo. Não dispõe de unhas poderosas, como a preguiça, nem de habilidades acrobáticas, como os macacos. Quando encontrarmos um quelônio na forquilha é porque alguém o colocou ali. No caso, foram o latifúndio paraguaio – não importa quem disparou as armas – e os interesses norte-americanos. Com o golpe, os ianques pretendem puxar o Paraguai para a costa do Pacífico, incluí-lo no arco que se fecha, de Washington a Santiago, sobre o Brasil. Repete-se, no Paraguai, o que já conhecemos, com a aliança dos interesses externos com o que de pior há no interior dos países que buscam a igualdade social. Isso ocorreu em 1954, contra Vargas, e, dez anos depois, com o golpe militar.

Não podemos, nem devemos, nos meter nos assuntos internos do Paraguai, mas não podemos admitir que o que ali ocorra venha a perturbar os nossos atos soberanos, entre eles os compromissos com o Mercosul e com a Unasul. Mais ainda: em conseqüência de uma decisão estratégica equivocada do regime militar, estamos unidos ao Paraguai pela Hidrelétrica de Itaipu. O lago e a usina, sendo de propriedade binacional, se encontram sob uma soberania compartida, o que nos autoriza e nos obriga a defender sua incolumidade e o seu funcionamento, com todos os recursos de que dispusermos.

Esse é um aspecto do problema. O outro, tão grave quanto esse, é o da miséria, naquele país e em outros, bem como em bolsões no próprio território brasileiro. Lugo pode ter, e tem, todos os defeitos, mas foi eleito pela maioria do povo paraguaio. Como costuma ocorrer na América Latina, o povo concentrou seu interesse na eleição do presidente, enquanto as oligarquias cuidaram de construir um parlamento reacionário. Assim, ele nunca dispôs de maioria no Congresso, e não conseguiu realizar as reformas prometidas em campanha.

Lugo tem procurado, sem êxito, resolver os graves problemas da desigualdade, da qual se nutriram líderes como Morínigo e ditadores como Stroessner. Por outro lado, o parlamento está claramente alinhado aos Estados Unidos – de tal forma que, até agora, não admitiu a entrada da Venezuela no Tratado do Mercosul.

O problema paraguaio é um teste político para a Unasul e o conjunto de nações do continente. As primeiras manifestações – entre elas, a da OEA – são as de que não devemos admitir golpes de estado em nossos países. Estamos, a duras penas, construindo sistemas democráticos, de acordo com constituições republicanas, e eleições livres e periódicas. Não podemos, mais uma vez, interromper esse processo, a fim de satisfazer aos interesses geopolíticos dos Estados Unidos, associados à ganância do sistema financeiro internacional e das corporações multinacionais, sob a bandeira do neoliberalismo.

Os incidentes na fronteira do Paraguai com o Brasil, no choque entre a polícia e os camponeses que ocupavam uma fazenda de um dos homens mais ricos do Paraguai, Blas Riquelme, são o resultado da brutal desigualdade social naquele pa[is. Como outros privilegiados paraguaios, ele recebeu terras quase de graça, durante o governo corrupto e ditatorial de Stroessner e de seus sucessores. Entre os sem-terra paraguaios, que entraram na gleba, estavam antigos moradores na área, que buscavam recuperar seus lotes. Muitos deles pertencem a famílias que ali viviam há mais de cem anos, e foram desalojados depois da transferência ilegítima da propriedade para o político liberal. E há, ainda, uma ardilosa inversão da verdade. A ação policial contra os camponeses era e é, de interesse dos oligarcas da oposição a Lugo, mas eles dela se servem para acusar o presidente de responsável direto pelos incidentes e iniciar o processo de impeachment. É o cinismo dos tartufos, semelhante ao dos moralistas do Congresso Brasileiro, de que é caso exemplar um senador de Goiás.

Quando encerrávamos estas notas, a comissão de chanceleres da Unasul, chefiada pelo brasileiro Antonio Patriota, estava embarcando para Assunção, a fim de acompanhar os fatos. Notícias do Paraguai davam conta de que os chanceleres não serão bem recebidos pelos que armaram o golpe parlamentar contra Lugo, e que se apressam para tornar o fato consumado – enquanto colunas do povo afluem do interior para Assunção, a fim de defender o que resta do mandato de Lugo.

Tudo pode acontecer no Paraguai – e o que ali ocorrer nos afeta; obriga-nos a tomar todas as providências necessárias, a fim de preservar a nossa soberania, e assegurar o respeito à democracia republicana no continente.

Si tocan a uno, nos tocan a todos




quinta-feira, 21 de junho de 2012

Paraguaios se levantam contra golpe de Estado






A sociedade paraguaia está recorrendo a todos os meios, inclusive as redes sociais, como o Facebook, para tentar barrar o que eles consideram um golpe de Estado contra a presidência de Fernando Lugo.
Segundo informam a resistência paraguaia, que se levanta contra o pedido de impeachment de Lugo no Congresso, esta é a vigésima quarta vez que a maioria colorada eoviedista tenta derrubar o presidente democraticamente eleito.


Entre James Joyce e Karl Marx


Ullysses completa 90 anos. E se nos atrevêssemos a enxergá-lo como revelação do capitalismo dentro de nós?

Por Alexandre Pilati

Nos meios literários, junho é tradicionalmente um mês dedicado a reflexões sobre oUlysses, romance revolucionário de James Joyce (1842-1941). No dia 16 deste mês, comemora-se o Bloom’s Day, pois esta é a data em que se passa a ação do livro do autor irlandês. Em 2012, o “Dia de Bloom” é ainda mais especial, pois nos encontramos a noventa anos da publicação da obra. Além disso, o recente lançamento do filme Notícias da antiguidade ideológica (Versátil Home Video, 2011), de Alexander Kluge provoca a reflexão sobre a dinâmica de forças estéticas/filosóficas/históricas que envolvem os nomes de Marx, Joyce, Kluge e Eisenstein.

Nestes 90 anos, o Ulysses foi pródigo em espalhar mundo afora fascínio e polêmica. Como monumento incontornável da moderna literatura ocidental, o romance do autor irlandês não para de seduzir críticos, ao mesmo tempo que se conserva à prova de qualquer leitura que seja capaz de aludir à totalidade de sua eficácia estética. Como sempre ocorre em grandes obras, qualquer leitura do textoparece ser bem menor do que o próprio texto; mas isso, no seu caso específico, adquire uma consistência ainda mais lancinante. Se já é um tormento para os críticos do livro tentar acercá-lo e compreendê-lo, imaginemos o tamanho da tarefa de inverter um pouco a ordem natural da coisas e usar o Ulysses como método de compreensão de um construto crítico-teórico como O Capital, de Karl Marx (1818-1883).

O primeiro a se propor esse desafio foi o cineasta russo Sergej Eisenstein (1898-1948), que alimentou a ideia por fim malograda de filmar OCapital a partir do método estético empregado por James Joyce em Ulysses. Joyce ansiava por conhecer Eisenstein, porque julgava que ele seria o único cineasta capaz de filmar o Ulysses. Por outro lado, o cineasta russo procurara Joyce porque julgava que O Capital poderia tornar-se filme estruturando-se de modo similar ao Ulysses, graças à concentração nos movimentos triviais de um homem comum em apenas um dia de sua vida.

No filme Notícias da Antiguidade Ideológica: Marx, Eisenstein, O Capital (Versátil, 2011), o escritor e cineasta alemão Alexander Kluge retoma o projeto de Eisenstein de maneira a potencializar alguns elementos de leitura do mundo contemporâneo bastante explorados tanto por Marx quanto por Joyce e o cineasta russo. É precisamente a partir do projeto não-realizado de Eisenstein, de filmar O Capital a partir do Ulysses, que nascem as nove longas horas do filme de Kluge. O cineasta alemão tem uma perspectiva interessante para a observação do pensamento de Marx, que está apresentada logo no início do texto do encarte que acompanha os DVDs:

“- O Sr. Considera Karl Marx um poeta?

- Um poeta talentoso.

- Ele se senta na mais imponente biblioteca de Londres, faz excertos de historiografia e compõe uma história em forma de poesia em torno desses núcleos de fantasia?

- Assim surge o enfoque mais amplo de sua teoria.

- O sr. não estaria sendo injusto ao degradar esse materialista científico à condição de poeta?”

A partir desse texto de Kluge, lançamos uma hipótese para a verificação das forças interpretativas que se intercambiam em nosso quadrilátero de pensadores/artistas: tendo em vista a proposta de Kluge, não apenas o Ulysses pode ser usado como mediação ficcional para ler O Capital, mas também O Capital pode ser a mediação teórica necessária para conectar as experiências formais de Joyce em Ulyssescom a totalidade histórica de onde emanam tanto formas literárias quanto contradições objetivas formadoras da subjetividade sob a égide do capitalismo. O ponto de apoio para essa análise é o movimento dialético entre subjetividade e objetividade (afinal, não é esta a grande matéria dos poetas?!), ou, como afirma Kluge no texto do encarte que acompanha o conjunto de DVDs, a “longa marcha do mundo exterior para o interior do homem”. Essa longa marcha estava entre as mais fundas aspirações de Eisenstein na pesquisa que engendra o conjunto de técnicas que caracterizava o seu método fílmico. Ademais, a dialética entre objetividade/subjetividade pode ser rastreada em todos os volumes de O Capital –de modo especial no primeiro, que trata mais especificamente da lógica da mercadoria e do seu alcance na organização social (coletiva) e psíquica (individual) do mundo capitalista. Mais que tudo isso, esta dialética interno/externo é uma chave para a leitura e a compreensão do imenso filme de Alexander Kluge, pois o cineasta alemão está claramente atento a ela. Lembremos a famosa passagem doUlysses em que se contrasta a história com um pesadelo: “A história – disse Stephen – é um pesadelo de que tento despertar.”i

História e poesia irmanam-se dialeticamente pela sua consistência de pesadelo e utopia. Dizendo mais: uma consistência de pesadelo que deriva precisamente do fato se ser uma forma consciente da necessidade da perspectiva da negatividade. Nesses termos, se a história (ou sua metanarrativa) é um pesadelo, a poesia é um jeito peculiar de acordar dele; por outro lado, a poesia também é um pesadelo, de que podemos acordar pela história. Unidas dialeticamente, história e poesia, tecem aos olhos do leitor atento um novo horizonte, ressignificando de uma vez por todas a palavra utopia. Assim, não haverá utopia sem o consórcio da poesia como interpretação do mundo e da história como narrativa de autoconsciência do homem relativamente ao seu lugar na luta de classes. Quando refletimos sobre esta relação história/poesia, estamos, nada mais nada menos, que operando intelectualmente, como Kluge e Joyce e Marx e Eisenstein entre o externo e o interno. Estamos nos acercando do dinamismo do próprio mundo. Um dinamismo que para Eisenstein é a própria força estruturante da forma dramática do filme.

Joyce tem, como poucos em seu tempo, uma consciência catastrófica relativamente ao avanço modernizador; algo que se exibe em seus textosii. Não são poucos os momentos em que o Ulysses nos apresenta uma perspectiva duramente embebida em negatividade, ao descrever os movimentos triviais do mundo, os quais sem esforço podemos utilizar na composição de uma complexa mirada acerca da totalidade capitalista.

Mas pode Joyce ser historiador no Ulysses assim como Marx foi poeta no Capital? Sob certa perspectiva, poderíamos afirmar que sim; e poderíamos afirmar mais: essa consistência de revelação da história no Ulysses é um dos elementos-chave da sua atualidade. O que talvez tenha contribuído para instigar Kluge à tarefa de reler os textos de Marx não tanto com a intenção de “descrição da economia exterior e de suas ‘leis’, senão sobretudo o capitalismo dentro de nós.” Essas contradições podem nos dar um mapa para a inteligibilidade da crise do capitalismo no início do século XXI.

Vejamos, por exemplo, a partir de um excerto do Ulysses, a problemática do entesouramento, que, conforme descrita por Marx, tem impactos no mundo objetivo e na consciência do homem ocidental. O entesouramento é um dos aspectos básicos, não é demais lembrar, para compreendermos as razões do desencadeamento da crise financeira de 1929, por exemplo; e para o clima de abalos e contradições da modernização a que o Ulysses de alguma forma dá visibilidade.

No capítulo “O catecismo”, vemos a agudização dessa reificação irrestrita na descrição crua do que é a vida humana, perdida no fundo das gavetas. Não são apenas as coisas recônditas; mas o que somos nós dentro das gavetas. Vejamos o parágrafo por inteiro:

“O que continha a segunda gaveta?

Documentos: a certidão de nascimento de Leopold Paula Bloom: uma apólice de seguro de £500 na Sociedade de Seguros das Viúvas Escocesas em nome de Millicent (Milly) Bloom, resgatável aos 25 anos de idade com uma apólice nominal de £430, £462-10-0 e £500 aos 60 anos ou morte, 65 anos ou morte e morte, respectivamente, ou com apólice nominal (à vista) de £299-10-0 junto com pagamento em dinheiro de £133-10-0, opcionalmente: uma carteira bancária para o semestre terminaria em 31 de dezembro de 1903, saldo em favor do correntista: £18-46-6 (dezoito libras, catorze xelins e seis pence, esterlinos), bens líquidos: certificado de posse de £900, títulos a 4% (autenticados) do governo canadense (livres de taxação): extrato de ata do Comitê do Cemitérios (Glasnevin), referente a uma sepultura adquirida: um recorte da imprensa local a propósito de uma mudança de nome por processo cível.”iii

Atentemos neste trecho do Ulysses para a forma como a linguagem se dobra à instrumentalização da lógica do dinheiro para dar a ver precisamente as contradições de seu alcance avassalador. Num parágrafo que principia falando de nascimento e termina falando de morte, temos a hipoteca de toda uma existência à especulação financeira. São títulos, bens, seguros, ações. Valores que tilintam, ainda que sem a forma de ouro ou de moeda. Trata-se uma belíssima metáfora do conceito marxista de entesouramento. “O que sou é o dinheiro; a vida minha é meu acúmulo”: é o que parece nos dizer uma alma fantasmagórica de dentro da gaveta.

Marx dizia que o dinheiro deve, no capitalismo, possuir a consistência elástica e fantasmagórica de uma matéria capaz de expandir-se e contrair-se. Não nos esqueçamos de que a vida cabe numa gaveta e que Marx diz assim em O Capital: “Para reter o ouro como dinheiro e, portanto, como elemento de entesouramento, é necessário impedi-lo de circular ou de dissolver-se como meio de compra, em artigos de consumo. O entesourador sacrifica, por isso, ao fetiche do ouro os seus prazeres da carne. Abraça com seriedade o evangelho da abstenção.”iv

Para sobreviver, o dinheiro no capitalismo depende de que o entesouramento não seja excepcional, mas sim sistêmico, trivial. O homem comum cumpre o entesouramento, no fundo da gaveta mais comum. A disposição reveladora de Joyce está em desejar articular tudo isso aos movimentos orgânicos do personagem, mostrando que o entesourar é tornar-se homem comum, homem médio, pedestre. Um homem como Bloom é um entesourador comum: sem o “defeito” excepcional da avareza, mas com a virtude trivial da “precaução”. Trata-se de alguém que incorpora a mercadoria ao próprio existir, com isso garantindo os fluxos de expansão e retração necessários à manutenção da lógica do dinheiro no capitalismo. A força da narrativa de Joyce está em revelar o dado sistêmico, global e total do comum. Não é a excepcionalidade que revela a totalidade, mas a forma despercebida e às vezes dispersa com que o cotidiano anuncia as forças da dinâmica histórica global. O método – concentrar-se nas minúcias aparentemente mais insignificantes – tornou possível um dos relatos da vida cotidiana mais completos já apresentados por um romancista.

Lendo Marx a partir da literatura, como fez Kluge (e como aqui ensaiamos) colocamo-nos diante de algumas das mais instigantes formas de questionar os mitos pós-modernos de que a história acabou e de que o único horizonte possível é a não-superação (ou no máximo domesticação) do capitalismo. A dinâmica de forças que está por trás do quadrilátero Marx-Kluge-Joyce-Eisenstein inclui certamente a ideia de que as contradições da práxis ainda podem ser captadas pela literatura, pela crítica ou pelo cinema. Ativar essas contradições já uma boa justificativa para a tarefa monumental de ler Ulysses através do Capital e de ler O Capital através do Ulysses. Se essas contradições ainda podem ser ativadas, a história em seu dinamismo peculiar permanece e nos persegue: como um pesadelo, ou como a utopia.

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Alexandre Pilati é professor de literatura brasileira da Universidade de Brasília. Autor, entre outros, de A nação drummondiana (7letras, 2009).

i JOYCE, James. Ulysses. Trad. A. Houaiss. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1996. p. 30.

ii A esse respeito consultar o ensaio de Franco Moretti “O longo adeus: Ulysses e o fim do capitalismo liberal”. In MORETTI, Franco. Signos e estilos da modernidade. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2007.

iii JOYCE, James. Ulysses. Trad. C. Galindo. Cia das Letras: 2012, p.1018.

iv MARX, Karl. O Capital. Livro I, vol. 1. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1985. p.253.


A Primavera Árabe morreu?



Por Robert Fisk


É o fim da revolução egípcia? Devemos ver em seguida: a marginalização dos rebeles originais da praça Tahrir, aos quais se buscou satisfazer com alguns julgamentos enquanto os militares se aferravam no poder que Mubarak lhes conferiu e formavam uma fachada de governo civil com os obedientes ministros do ex-ditador.

E a Irmandade Muçulmana – que não se envolveu nas ações da Praça Tahrir, assim como Ahmed Shafik – passou ao centro do cenário após anos de clandestinidade e tortura nas mãos do governo. Os homens de Mubarak e a Irmandade nunca estiveram representados em Tahrir. “Tudo o que queremos é que Mubarak se vá”, costumavam gritar os jovens egípcios. E ele foi. Fácil de resolver para o “Estado profundo”. Quase todos os principais funcionários da “Stasi” egípcia foram absolvidos. Os assassinos da polícia seguem em operação. Eles estão felizes com o mais recente capítulo da tragédia egípcia.

O paralelismo com a Argélia em 1991 é de todo relevante. Uma eleição democrática vencida pelos islamistas, suspensão do segundo turno eleitoral, leis de emergência que conferiram poderes especiais ao exército; tortura, detenções de legisladores eleitos, selvagem guerra de guerrilhas: com algumas variações, só as duas últimas coisas ainda não começaram no Egito. Mas a história da Argélia foi menos absurda: o poder havia realizado um golpe de Estado e todos os opositores eram “terroristas”. Este processo também começou no Cairo. O exército recebeu faculdades para deter pessoas. A intenção é que as exerça.

No Egito é ridículo realizar uma eleição presidencial quando a base do poder parlamentar de um dos candidatos, Mohamed Morsi (da Irmandade), foi dissolvida pelos partidários de seu oponente, Shafik, antes da contenda final.

Há alguns dias, Alaa al-Aswany, esse estupendo novelista-ativista-dentista egípcio, previu um plano que já está formulado: massacrar os revolucionário. Mas esse plano não funcionaria, disse, porque o retorno de Shafik, protegido pelos militares, significaria o fim da revolução. No entanto, era isso. Agora, Shafik pode tomar o poder – se Mordi perder – sem um parlamento que o controle.

Dias de desespero, portanto. Mas é preciso lembrar de uma coisa: os juízes nomeados por Mubarak não se levantaram propriamente na manhã de quinta-feira e decidiram dissolver o parlamento. Isso foi decidido há muito mais tempo. Do mesmo modo que a retenção do poder nas mãos dos militares.

Haverá planos prontos para o fim de semana; talvez até já se saibam os resultados da eleição. Não me atrevo a pensar o que isso significa para o Egito. Pode ser que a primavera árabe tenha morrido (o despertar árabe um pouco menos). Mas o establishment da segurança em Washington estará satisfeito. Do mesmo modo que o presidente Bashar Assad, da Síria.


quarta-feira, 20 de junho de 2012

Lula, Haddad e Maluf



Considerações intempestivas sobre uma foto contestável
Por Natal Antonini

Vivemos numa democracia.
Numa democracia se governa para todos.
Para se ter um governo democrático de sucesso se deve fazer alianças.
O PP já faz parte da base do governo federal desde o inicio do governo Lula.
O PP resolveu apoiar o PT também em SP, o Maluf é um quadro do PP.

O Maluf é um ladrão FDP.
Os paulistas (que são muito burros) acham que o Maluf foi um ótimo prefeito.
O Maluf se elegeu deputado por SP com uma ótima votação.
SP está, desde o inicio dos governos tucanos, crescendo abaixo do que cresce o Brasil.
Os paulistas (que são muito burros, meeeeeesmo) continuam votando nos Tucanos.

Os Tucanos são aqueles políticos neo-liberais nada “tolinhos”, que quase venderam todo o Brasil.
Nos quais a maioria da juventude burguesa e mimada — com carros pagos pelos pais e camisas lavadas pelas mães – vota.
Essa mesma juventude que ocupava praticamente todas as vagas públicas das universidades brasileiras antes da existência das cotas.

O PT faz o melhor governo que o Brasil já teve.
O Lula quer estender para SP as políticas adotadas pelo PT.
O PT pratica a realpolitik desde que resolveu jogar em pé de igualdade com a direita.
Realpolitik (do alemão real “realístico”, e Politik, “política”) refere-se à política baseada em considerações práticas.

O PSTU é 100% coerente.
O PSTU não aceita a realpolitik.
O PSTU nunca vai ganhar uma eleição para colocar em prática parcelas do seu programa.
O sonho da direita é que o PT fosse o PSTU.

O PT não é o PSTU!!!
E a direita tomou…

Buenas… Não farei a rima óbvia.
-=-=-=-
Não nego que a foto abaixo me irrita. Mas a irritação não sobrevive a um pouco de raciocínio. Preferia que Maluf fosse tão idiota quanto um antipetista do gênero Reinaldo de Azevedo e tantos outros, mas ele não é.


de Sintonia Fina com Terror do Nordeste



A coerência de Erundina e a incoerência dos outros







30/06/2004 - 20h06
Erundina e Temer formam aliança para eleição em SP
Por Carmen Munari
SÃO PAULO (Reuters) - PMDB e PSB formalizaram nesta quarta-feira uma coligação para disputar a prefeitura de São Paulo com a desistência de Michel Temer, que ocupará o posto de vice na chapa da socialista Luiza Erundina. Apesar de pertencerem a partidos da base governista, os dois políticos prevêem críticas ao Executivo federal na campanha.
"É um gesto inovador, revolucionário e ousado do PMDB", disse a ex-prefeita, durante entrevista coletiva para anunciar a nova chapa. Erundina reiterou sua autocrítica de considerar um "equívoco" ter governado São Paulo entre 1989 e 1992 com um partido só, então o PT
Temer admitiu que os resultados das últimas pesquisas de opinião influenciaram na formação da chapa, mas que, além disso, a decisão se deveu a um "consenso partidário". O acordo foi costurado por Orestes Quércia, presidente estadual do PMDB.


Comentários do Senhor C.:

- Como se pode ver, a história não beneficia ninguém. Nem os puristas, nem os equivocados, nem os fariseus e, muito menos, os românticos.
Há, supomos com razoável dose de certeza, um conjunto de não-ditos que fazem falta na hora de analisar esta história da aliança PT-PP, a foto com Maluf, e o aceite-recusa da Erundina em continuar na chapa com Haddad. 

Analistas de diversos matizes e enfoques já discorreram sobre os gestos da deputada - de quem continuo eleitor e admirador. Mas algo me diz que há uma mistura de equívocos, quase todos motivados pela falta de pequenas peças - os tais detalhes de bastidores - de que nunca ficaremos sabendo todos. 

No entanto, não há porque não deixar de dar algumas pitadas nesta situação:

a) a História é uma deusa muito vaidosa e mutante, e espera ser olhada pelo para-brisa, não pelo retrovisor;

b) Àqueles que o fazem estão condenados ao risco de virarem estátuas de sal, e meio saudosistas, meio românticos revolucionários, ficarem sonhando com a volta triunfal de um passado que não passou;

c) A deusa História é, um pouco ou muito, algo parecido a um híbrido de Medusa com a Esfinge. Ao mesmo tempo que seduz, também ameaça com enigmas que, uma vez não resolvidos, conduz o desafiado ao castigo de ser por ela devorado.

d) Além disso, a história é um território aberto. Por isso, infelizmente, nela campeiam também inúmeros interesses: dos mais transcendentes aos mais hipócritas e farisaicos. E neste caso, à reação indignada de alguns militantes, convém lembrar os interesses nada explícitos da mídia conservadora em ver o circo da esquerda pegar fogo.

Enfim...Heiner-Maria Rilke - autor do célebre Cartas a um jovem poeta, e que parece ter inspirados políticos sociólogos a escreverem as suas cartas a um jovem político, já deixou dito que um homem é a soma de todas as contradições ditas e feitas em seu nome e a seu respeito.


terça-feira, 19 de junho de 2012

Rio+20: Salvem as Florestas Temperadas


Stephen Kanitz

Mais uma vez no Rio+20 iremos ouvir o brado da devastação da Amazônia, e ninguém vai sair protestando contra o desmatamento quase total das Florestas Temperadas.

Por que ninguém exige o reflorestamento do Mid-West Americano e da Europa?

Por que os brasileiros gastam 95% do seu tempo contra o desmantamento da Amazônia e nada protestam contra o desmatamento das Florestas Temperadas?

Em 2003, escrevi o artigo abaixo na Veja: Salvem as Florestas Temperadas, e a repercussão foi quase nula.
Não fui convidado para nenhuma das 54 Conferências sobre Ecologia realizadas no Brasil de lá para cá, ninguém achou este tema importante suficiente para se discutir.

Eis o artigo de 2003, que infelizmente continua válido.

No filme A Bruxa de Blair, sucesso de bilheteria do cinema alternativo americano, há uma cena que fez meu sangue de ecologista amador brasileiro e defensor do crescimento sustentável literalmente borbulhar.

Os três estudantes do longa estão totalmente perdidos numa floresta da Nova Inglaterra e a garota começa a entrar em pânico achando que nunca mais sairia daquela selva.

Seu colega então diz algo parecido com:

"Não seja idiota, nós destruímos todas as nossas florestas temperadas. É só andarmos mais meia hora em linha reta que logo sairemos daqui".

Ecologistas do mundo todo vivem fazendo protestos para preservar a floresta tropical brasileira, mas raramente param para refletir sobre essa corajosa crítica contida nesse filme, que fez tanto sucesso.

Se alguém se perder na Floresta Amazônica, poderá ter de andar por noventa dias até achar uma saída, tal o nível de preservação de nossa Amazônia, comparada com as demais florestas.

Então, não seria correto também discutir a reconstituição das florestas temperadas, há muito tempo dizimadas?

Na Europa e nos Estados Unidos, boa parte das florestas foram destruídas.

O "Crescente Fértil" descrito na Bíblia é hoje o Iraque da "Desert Storm".

Em contrapartida, 86% da Floresta Amazônica continua intacta.

No famoso Museu Smithsonian de Washington, vi um painel que orgulhosamente mostrava um pioneiro derrubando uma árvore para criar uma área arável e poder "suprir nossos antepassados com a comida necessária". Texto deles.

Destruíram tantas florestas temperadas para plantar comida que hoje eles têm muito mais agricultores do que o necessário, a maioria economicamente inviável.

Com a produtividade atual da agricultura, bastaria cultivar as planícies naturais que todos os países já possuem.

A destruição das florestas temperadas é uma das razões dos maciços subsídios que a Europa e os Estados Unidos dão à agricultura, razão de nossos protestos junto à OMC.

Quando negociadores do governo brasileiro reclamam desses subsídios, a resposta é que eles são necessários para manter a população no campo.

Caso contrário, os países teriam enormes espaços e terras vazias, com todo mundo vivendo nas cidades.

O erro dessa lógica política está na frase "espaços e terras vazias", uma vez que essas terras não eram "vazias" antes de as florestas temperadas serem dizimadas.

Há muito deveríamos ter colocado na agenda mundial a necessidade da reconstituição das florestas temperadas ao lado da preservação da Floresta Amazônica - o que exigiria dos países desenvolvidos a lenta substituição dos agricultores subsidiados por guardas e bombeiros florestais em constante vigilância.

Pelo menos os agricultores passariam a ser úteis, em vez de receber subsídios para nada plantarem.

Os espaços não ficariam vazios, como temem os políticos desses países. Voltariam ao equilíbrio original.

Isso teria importantes consequências econômicas para o Terceiro Mundo.

Acabaria com os enormes subsídios agrícolas e equilibraria a balança comercial de muito país em desenvolvimento.

Bjorn Lomborg, autor do The Skeptical Environmentalist, escreve na página 117 uma frase de muita coragem política:

"Que base nós (Primeiro Mundo) temos para nos indignarmos com o desmatamento das florestas tropicais, considerando o nosso desmatamento na Europa e Estados Unidos?
É uma hipocrisia aceitar que nós nos beneficiamos imensamente da destruição de enormes áreas de nossas próprias florestas mas não vamos permitir que países em desenvolvimento se beneficiem como nós o fizemos.
Se não quisermos que eles usem seus recursos naturais do jeito que nós usamos os nossos, devemos compensá-los de acordo
".

Obviamente, ele foi massacrado, e por muitos brasileiros.

Da próxima vez que um amigo, um jornalista ou um diplomata estrangeiro lhe indagar sobre o que estamos fazendo com nossa Floresta Amazônica, antes de responder, pergunte-lhe o que ele está fazendo para reconstituir 85% de suas florestas temperadas.

Stephen Kanitz é administrador por Harvard (www.kanitz.com.br)