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quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Um passo histórico para a integração continental sulamericana

Fotos: Wilson Dias/ABr

Carta Capital

Entrada da Venezuela torna Mercosul a quinta maior economia do mundo. Presidentes do bloco exaltam o ingresso. Segundo Dilma, inicia-se uma nova etapa. “Considerando os 4 países mais ricos do mundo, EUA, China, Alemanha e Japão, o Mercosul somado é a 5° força”, destacou. Para Chávez, Venezuela tem sua maior oportunidade em 200 anos.
Vinicius Mansur

Brasília - No exercício da presidência pro tempore do Mercosul até dezembro deste ano, coube ao Brasil coordenar a cúpula extraordinária do bloco, nesta terça-feira (31), que celebrou a entrada de seu quinto membro, a Venezuela. “Estamos conscientes que o Mercosul inicia uma nova etapa”, disse Dilma Rousseff. 

A presidenta afirmou que a entrada venezuelana tem significado histórico por marcar a primeira ampliação do bloco desde a sua criação em 1991, por estendê-lo da Patagônia até o Caribe e por incrementar a economia do Mercosul. “Considerando os 4 países mais ricos do mundo, EUA, China, Alemanha e Japão, o Mercosul somado é a 5° força”, destacou. 

De acordo com dados do Itamaraty, entre 2001 e 2010, o comércio da Venezuela com os países do Mercosul aumentou mais de 7 vezes, passando de cerca de US$ 1 bilhão para US$ 7,5 bilhões. Com a entrada do país caribenho, o Mercosul representatá 70% da população da América do Sul (270 milhões de habitantes), 83,2% de seu PIB (US$ 3,3 trilhões) e 72% de seu território (12,7 milhões de km²). 

Para o presidente venezuelano, Hugo Chávez, a entrada de seu país no Mercosul o fazia recordar a primeira eleição de Lula à presidência do Brasil, pois ambos episódios “aceleraram a história” e marcaram um novo período de integração entre os países do continente. Em sua chegada a Brasília, inclusive, Chávez, havia afirmado que gostaria de ver o Mercosul englobando mais países, como Equador e Bolívia. 

Do ponto de vista econômico, Chavéz disse que a entrada da Venezuela no Mercosul significa “a maior oportunidade histórica que em 2o0 anos apareceu no horizonte”, sobretudo para ajudá-los em um de seus grandes objetivos: diversificar o modelo econômico extremamente dependente do petróleo e “imposto durante todo o século XX”. “Não houve um só governo que tivesse pretendido de alguma maneira desenvolver um projeto nacional, independente, que não fosse derrubado. Todos foram, incluindo o nosso, só que por três dias, graças a resposta popular e das Forças Armadas”, sustentou. 

Em um discurso profundo, o presidente do Uruguai, José Mujica, recordou a mentalidade colonial que orientou a política externa dos países da América do Sul durante séculos e a dívida social dela advinda. “Esse é o preço que pagamos ao longo de nossa história porque vivemos muito tempo olhando para o resto rico e sem olharmos entre nós”. Mas, chamou atenção para o momento especial vivido na região. ”Existe vontade política de integração, como nunca teve globalmente a América do Sul. Eu repito: como nunca teve! (...) E temos que ser conscientes: agora ou nunca!”, orientou. 

Exemplificando a fala de Mujica, a presidenta argentina, Cristina Kirchner, recordou que em seu país um chanceler dizia “para que ser sócio dos pobres podendo ser sócio dos ricos?”. Para evitar retrocessos e para proteger-se da crise economia internacional, Cristina apontou como tarefa urgentea criação de instrumentos e instituições “que tornem indestrutíveis e indivisíveis esse novo pólo de poder” configurado no Mercosul. Paraguai Durante seu discurso na Cúpula, Dilma ratificou que a suspensão do Paraguai se deu exclusivamente pelo “compromisso inequívoco com a democracia” e que as possibilidades de retaliações econômicas que possam causar prejuízo ao povo paraguaio estão afastadas. A presidenta disse ainda que espera que o país normalize sua situação institucional interna para assim reaver seus direitos plenos. 

Acordos

Ainda nessa terça-feira (31), alguns acordos bilaterais e negócios foram firmados. Entre eles está a venda de seis jatos modelo 190, por US$ 270 milhões, pela Empresa Brasileira de Aeronáutica (Embraer) para o Consórcio Venezuelano de Indústrias Aeronáuticas (Conviasa). O contrato prevê ainda a opção de compra pela estatal venezuelana de mais 14 aeronaves, chegando a um preço total de US$ 900 milhões. 

Já a Argentina assinou com a Venezuela um compromisso de aliança estratégica entre as petrolíferas YPF e PDVSA. Sem maiores detalhes, Chávez afirmou que o acordo permitirá a YPF explorar as jazidas venezuelanas da Faixa do Orinoco e permitir que a PDVSA continue com sua presença na Argentina.


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