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sábado, 30 de julho de 2011

Música do Pantanal: Juraíldes da Cruz



Comentário do Senhor C.:

 - É...vou mesmo pro campo... no campo tem flores...e a noitinha estrelas no céu! E via o goiano Juraíldes da Cruz, esse cantador malungo. Como são cantadores e malungos os cabras que cantam a vida, o lugar, a terra e sua gente. E que são feito meninos! A vida toda!

Mais canções para aquecer dias frios! Fagner



Comentário do Senhor C.:

- E junto com o pessoal do Ceará também esteve um tal de Raimundo que, por ser Fagner continua a rodar por aí...

Mais canções para aquecer dias frios: Belchior, Amelinha e Ednardo



Comentário do Senhor C.:

 - E também houve o dia em que chegou a praia um pessoal do Ceará, cantando coisas de araras, de cajus, e a palo seco! Um biscoito fino! Outro grande encontro musical, que vai ficando ameaçado como espécies animais em extinção.

Para os partisans da integralidade!

Notas de leitura do Senhor C.:

Um livro excelente é como um bálsamo, um tônico, um estimulante vital! Livros são como mensageiros. E mais especiais são, justamente, por nos levarem ao exercício de pensar, tanto quanto ao movimento de ler, pois pensamos enquanto lemos. É praticamente impossível haver uma coisa sem a outra, mesmo que seja naqueles momentos em que a leitura segue mecanicamente as linhas e as páginas, e nosso pensamento vagueia distraído. Ainda assim, estão lá o pensar e o ler! E a despeito de que pareçam distantes ou dissociados, caminham juntos pelas mesmas trilhas - de tramas complexas e infinitas - do caminho do conhecimento!



Muito além de um poema - X

da correspondência pessoal do Senhor C.:

- Outro dia, chegou-me novamente às mãos uns versinhos curtos do jovem poeta que me escreve cartas! Resolvi compartilha-lo com os visitantes deste blog.



Aporia


Cabe à janela

Aberta ao mundo, 

conter a paisagem?



Recorrências e incertezas

O atual “impasse da dívida pública” americana não passa de um detalhe, dentro de uma luta longa e sem quartel que deverá definir os novos objetivos e caminhos estratégicos dos EUA. Como no mundo físico, estas conjunturas são momentos de grande incerteza e indeterminação, dentro de um sistema mundial que se expande e se transforma.

José Luís Fiori*



“Ao longo das últimas décadas, um conceito novo tem conhecido êxito cada vez maior: a noção de instabilidade dinâmica associada ao 'caos'. Este último sugere desordem, imprevisibilidade, mas veremos que não é assim. É possível (...) incluir o caos nas leis da natureza, mas contanto que generalizemos essa noção para nela incluirmos as noções de probabilidade e de irreversibilidade ”.
Ilya Prigogine, “As leis do caos”, Unesp, SP, 2002, p:8

Fica muito difícil de entender a intensidade do conflito e o impasse nas negociações sobre o “aumento do limite da dívida pública americana”, quando se lê apenas a análise dos economistas, sejam eles democratas ou republicanos, ortodoxos ou keynesianos. Uma vez que todos estão de acordo com o aumento do teto da dívida, e com a necessidade de cortar gastos e aumentar impostos. Ainda que discordem sobre as dimensões e sobre o ritmo de implementação destas medidas e, mais ainda, sobre a distribuição dos seus custos, dentro da sociedade americana, que apesar disto, segundo as pesquisas, permanece indiferente com relação ao debate. Talvez, porque a população intua que o conflito não tem a ver com a questão da “dívida pública” e dos “desequilíbrios fiscais”, e envolva desacordos muito mais sérios, que transcendem o campo da economia e das disputas partidárias convencionais.
Divergências profundas, dentro do próprio establishment americano, que só reaparecem periodicamente, em momentos de grandes mudanças mundiais, e, como consequência, na hora de redefinição da estratégia política e econômica, nacional e internacional, do estado norte-americano. Ou, pelo menos, foi o que aconteceu em três momentos cruciais da histórias americana do século XX. Começando pela divisão da sociedade e da elite política norte-americana - antes e depois da Primeira Guerra Mundial - que acabou afastando os EUA da Liga das Nações, e de todas as negociações internacionais que poderiam ter impedido a Grande Crise Econômica, da década de 30, que acabou atingindo em cheio a própria economia americana.
O mesmo voltou a acontecer, antes e depois da Segunda Guerra Mundial, quando o establishment e a sociedade americana dividiram-se de cima abaixo, com relação à própria Guerra, e depois da II Guerra, com relação à estratégia de cerco e isolamento da URSS, e com relação à ordem econômica desenhada em Bretton Woods. Depois da década de 50, a estratégia geopolítica americana pacificou a Europa, e os acordos de Bretton Woods, permitiram a reconstrução do Velho Continente e do Japão, promovendo um crescimento econômico assimétrico mas contínuo, da economia mundial.
Na década de 70, entretanto, os Estados Unidos foram derrotados no Vietnã e sofreram sucessivos revezes políticos e diplomáticos. E no campo econômico, tiveram que abandonar o sistema monetário que tinham criado, em Bretton Woods. Foi uma crise dura e profunda, mas foi também o momento e a oportunidade, em que os Estados Unidos mudaram a sua política econômica internacional. A nova estratégia levou à superação da crise e à uma reviravolta dentro do sistema mundial, mas sua definição tomou uma década – pelo menos – de divisão e de lutas intestinas, em torno da Guerra do Vietnã, da crise do Dólar, do Petróleo, do Oriente Médio, etc. Passando pela retirada da Indochina, pelo fim da convertibilidade ouro-dólar, pela renúncia do presidente Nixon, e pela imensa fragilidade e desorientação dos governos de Gerald Ford e Jimmy Carter, que abriram as portas para a restauração conservadora de Ronald Reagan.
Agora de novo, na primeira década do século XXI, os revezes da política externa americana, somados aos efeitos nacionais e internacionais de sua crise econômica implodiram a coalizão de poder e o consenso dominante, desde a década de 1980, incluindo republicanos e democratas. O mais provável é que esta implosão dê lugar a um longo período de fragmentação de forças e posições, com um nível crescente de conflito e radicalidade, até que seja possível a formação de um novo consenso, como ocorreu no passado. Desta vez, entretanto, o processo será mais complexo, porque apesar das semelhanças, agora o poder americano é muito maior, e sua inserção internacional envolve disjuntivas diferentes, e incompatíveis, nos vários tabuleiros geopolíticos e econômicos do mundo.
Pode parecer paradoxal, mas o aumento do poder global dos EUA, internacionalizou sua política e sua economia, mais do que em qualquer outro país, aumentando a complexidade e confundindo seus conflitos externos, com suas lutas internas. Por isto, não existe a possibilidade, de uma simples repetição do passado, e o único absolutamente seguro, é que o atual “impasse da dívida pública” americana não passa de um incidente e de um detalhe, dentro de uma luta longa e sem quartel que deverá definir os novos objetivos e caminhos estratégicos dos EUA. Como no mundo físico, estas conjunturas são momentos de grande incerteza e indeterminação, dentro de um sistema mundial que se expande e transforma, apesar de suas recorrências.

José Luís Fiori, cientista político, é professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro.


Música para aquecer dias frios: Alceu, Elba e Zé

Houve um dia um grande encontro:



Comentário do Senhor C.:

- O grande encontro do lirismo da letra de Alceu Valença com o trinado agreste da voz rascante de Elba Ramalho só poderia resultar neste belíssimo momento de um encontro musical cada vez mais raro na cena brasileira!

Internet, globalização e liberdade: mitos e ilusões!

A era do preconceito

Celso Amorim
Carta Capital


Nesta era da internet a informação é instantânea. A desinformação também. A notícia sobre os trágicos atentados de Oslo chegou-me enquanto eu navegava pelos sites que costumo frequentar para me atualizar sobre o que ocorre no mundo. Pus-me imediatamente em busca dos detalhes. Abri a página de uma respeitada revista internacional. Além de alguns pormenores, obtive também a primeira explicação, que veria em seguida nas versões eletrônicas dos jornais brasileiros, segundo a qual o perpetrador dos atos terríveis era alguém a serviço de um movimento fundamentalista islâmico. Dois dias depois do acontecido, quando ficou claro que, na verdade, se tratava de um extremista de direita que pertenceu a movimentos neonazistas, ainda é possível encontrar, mesmo com ressalvas (porque a internet comete essas “traições”), a mesma interpretação apressada, baseada no preconceito contra muçulmanos.
No caso da revista internacional, a interpretação não se limitou a essa caracterização genérica. Deu “nome e endereço” do facínora, que seria um iraquiano curdo ligado a sunitas fanáticos, vivendo no exílio desde 1991. O articulista foi mais longe. Apontou as possíveis motivações do crime hediondo, que estariam relacionadas com a presença de tropas norueguesas no Afeganistão e com a percepção, por parte dos tais fundamentalistas, da cumplicidade da imprensa norueguesa com caricaturas ofensivas ao Profeta.
Evidentemente, tudo isso era muito plausível, à luz do ocorrido no 11 de Setembro, descartando-se as hipóteses conspiratórias sobre aquele trágico episódio. Mas era igualmente plausível a hipótese, que acabou confirmada, de que se tratasse de outro tipo de fundamentalista, do gênero “supremacista branco”. O alvo do ataque era um governo da esquerda moderada, visto como tolerante em relação a imigrantes e aberto ao diálogo com as mais diversas facções em situações conflituosas, inclusive no Oriente Médio. Para sublinhar a natureza ideológico-religiosa do ato de violência, o terrorista visou também a juventude do partido, pacificamente acampada em uma ilha.
Algo semelhante havia ocorrido seis anos antes do atentado contra as Torres Gêmeas, quando outro fanático havia feito explodir um prédio público na cidade de Oklahoma, nos Estados Unidos. Daquela feita, o Estado – e tudo o que ele simboliza como limitação ao indivíduo, percebido como independente e antagônico em relação à sociedade – foi o objeto da ira destruidora. Também naquela época, quando a Al-Qaeda ainda não havia ganhado notoriedade, as primeiras análises apontaram para os movimentos islâmicos.
Não ponhamos, porém, a culpa na internet. Ela apenas faz com que visões baseadas em preconceitos, que não deixam de refletir certo tipo de fundamentalismo, se espalhem mais rapidamente, com o risco de gerarem “represálias” contra o suposto inimigo. Felizmente, neste caso, a eficiente ação da polícia norueguesa impediu que isso ocorresse. Mas o risco existe de que, em outras situações, as tragédias se multipliquem, por vezes com o apoio de movimentos marginais inconsequentes, que buscam tirar partido dos eventos, assumindo responsabilidade por algo que não fizeram.
Não é possível ignorar que, no caso da invasão do Iraque, o preconceito, e não apenas a manipulação deliberada (que também existiu), estava por trás de vinculações absurdas, usadas para justificar decisões que causaram centenas de milhares de vítimas (há quem fale em 1 milhão). O suposto elo entre Saddam Hussein e o terrorismo nunca se comprovou, da mesma forma que eram falsas as alegações quanto à posse por Bagdá de armas de destruição em massa. Num primeiro momento, contudo, essas justificativas foram aceitas pela maioria da população norte-americana.
Não sejamos inocentes. Interesses econômicos e políticos, e não apenas preconceitos, motivaram a decisão de atacar o Iraque. Mas o pano de fundo de uma visão particularista do mundo, em que “diferente” se torna sinônimo de “inimigo”, ajuda a criar o caldo de cultura de que se valem os líderes para obter, das populações que governam, o indispensável apoio às suas custosas aventuras bélicas.
A Noruega não corre esse risco. Como disse o primeiro-ministro Stoltenberg, o terrorismo insano não destruirá a democracia do país nórdico, que, ademais, se tem notabilizado por importantes iniciativas em favor da paz. Aliás, é o ódio às pessoas que promovem a paz e o entendimento, além da intolerância e do fanatismo, que está na raiz desse bárbaro atentado. Infelizmente, não só o orgulho, como queria a romancista inglesa, mas também o ódio costuma ser um companheiro inseparável do preconceito.

Celso Amorim

Celso Amorim é ex-ministro das Relações Exteriores do governo Lula. Formado em 1965 pelo Instituto Rio Branco, fez pós-graduação em Relações Internacionais na Academia Diplomática de Viena, em 1967. Entre inúmeros outros cargos públicos, Amorim foi ministro das Relações Exteriores no governo Itamar Franco entre 1993 e 1995. Depois, no governo Fernando Henrique, assumiu a Chefia da Missão Permanente do Brasil nas Nações Unidas e em seguida foi o chefe da missão brasileira na Organização Mundial do Comércio. Em 2001, foi embaixador em Londres.

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Humeanas

A concepção naturalista da moral de HUME: 
(Apontamentos de leitura de Uma investigação sobre as princípios da moral)


É no contexto  delineado em seus contornos mais gerais e inespecíficos (vide o post anterior que abriu a série Humenana) que se pode situar a contribuição de David Hume à filosofia moral#, em particular sua Investigação sobre os princípios da moral#, até a seção em que discute a relação entre felicidade e utilidade, isto é, em que discute os porquês a utilidade agrada.
Sua Investigação começa por explicita a questão fundamental em que se movimenta, a saber, a querela em torno das origens da moral, ou do modo como chegamos ao seu conhecimento: se como um resultado obtido de argumentos e induções racionais, ou, ao contrário, como reflexo da sensação imediata e do refinamento de um sentido interno (IPM, § 1-3). E mais, se a exemplo dos juízos de verdade e falsidade, tais fundamentos da moral, devem ser os mesmos para todos, dado serem racionais e inteligíveis, ou se, como diante do belo ou do disforme, estariam fundados inteiramente na estrutura e constituição humanas?

Comentários do Senhor C.:

- O pensamento do nobre inglês, como sabemos, vai despertar Kant de seu sono metafísico. Aqui, como em relação a questão do conhecimento, a moral de Hume vai se deparar com o claro limite, só depois incorporado pela modernidade e sua pós: o nosso corpo é a morada de nossa ética, nossa moral, nossa estética e, por que não, de nossa imensa condição humana! Mas isso vem depois.

Da série: definições

Liberdade de imprensa é…


Por Izaías Almada

Liberdade de imprensa é chantagear políticos…

Liberdade de imprensa é acusar sem provas…

Liberdade de imprensa é espionar celebridades…

Liberdade de imprensa é defender o cartel da informação…

Liberdade de imprensa é fazer lobby em favor próprio no Congresso Nacional…

Liberdade de imprensa é fazer escutas telefônicas ilegais em Londres

Liberdade de imprensa é inventar escutas telefônicas ilegais no Brasil…

Liberdade de imprensa é extinguir o contraditório…

Liberdade de imprensa é criar fichas falsas…

Liberdade de imprensa é criar factóides para a oposição…

Liberdade de imprensa é a oposição repercutir os factóides…

Liberdade de imprensa é acusar os blogs democratas de “chapa branca”…

Liberdade de imprensa é aceitar e barganhar anúncios do governo…

Liberdade de imprensa é especular hipocritamente com a doença alheia…

Liberdade de imprensa é testar hipóteses…

Liberdade de imprensa é assumir-se como partido político de oposição…

Liberdade de imprensa é denunciar a corrupção dos adversários…

Liberdade de imprensa é fazer vistas grossas à corrupção dos amigos…

Liberdade de imprensa é acusar Chávez, Fidel, Morales e Lula…

Liberdade de imprensa é defender Obama, Berlusconi, Faiçal, FHC…

Liberdade de imprensa é banalizar a violência…

Liberdade de imprensa é disseminar o preconceito e o racismo…

Liberdade de imprensa é vilipendiar, caluniar e fugir para Veneza…

Liberdade de imprensa é inventar bolinhas de papel…

Liberdade de imprensa, no Brasil, é para inglês ver…

Liberdade de imprensa na Inglaterra é para brasileiro aprender…

Liberdade de imprensa é divulgar partes do “relatório” do terrorista norueguês…

Liberdade de imprensa é ocultar o direito de resposta ao MST…

Liberdade de imprensa é manipular a opinião pública…

Liberdade de imprensa só vale para o dono do jornal, do rádio e da televisão…

Liberdade de imprensa é para quem paga mais…

Liberdade de imprensa é apoiar as invasões americanas ao redor do mundo…

Liberdade de imprensa é escamotear os genocídios no Iraque, no Afeganistão…

Liberdade de imprensa é apoiar greve de fome de um único dissidente cubano…

Liberdade de imprensa é jogar sujo contra governos progressistas…

Liberdade de imprensa é acusar sem oferecer o direito de defesa…

Liberdade de imprensa é que nem mãe: só a minha é que presta…

Liberdade de imprensa é a liberdade de se criar novas máfias…

Liberdade de imprensa é dar dicas sigilosas para concorrências públicas…

Liberdade de imprensa, às vezes, se compra com 500 mil dólares…

Liberdade de imprensa é aquela que só vale para os apaniguados…

Liberdade de imprensa é ser arrogante com os pequenos…

Liberdade de imprensa é bajular os grandes…

Liberdade de imprensa é difamar celebridades vivas…

Liberdade de imprensa é enaltecê-las depois de mortas…

A Liberdade de imprensa, tal qual é defendida e praticada nos dias de hoje pelos setores mais conservadores da sociedade brasileira, é o apanágio dos ressentidos e a nova trincheira dos hipócritas…

Izaías Almada é escritor, dramaturgo, autor – entre outros – do livro “Teatro de Arena: uma estética de resistência” (Boitempo) e “Venezuela povo e Forças Armadas” (Caros Amigos).

UOL distorce tradução sobre o Corinthians



Por Walter Falceta Jr., no Observatório da Imprensa

Às 19h12 de 13 de Julho, o UOL, provedor de conteúdo digital da Folha da Manhã, empresa que edita a Folha de S. Paulo, despertou em parte de seu público uma dúvida: a opção pelo equívoco em suas traduções resumidas deriva de improbidade ou de ignorância?

Em pouco mais de 1,8 mil caracteres, alinhados na seção de esportes, o portal transformou em polêmica notícia a reação do britânico Daily Mail à proposta do Corinthians pelo atacante argentino Carlos Alberto Tévez, atualmente atleta do Manchester City.

A matéria de Dan Ripley, publicada no dia anterior, tinha pouco mais de 6,5 mil caracteres e procurava informar o leitor sobre o clube brasileiro que se dispunha a gastar, até aquela data, mais de 40 milhões de euros na transferência do atleta. O título é este: Are Corinthians right for Tevez? Sportsmail looks at the Brazil side chasing Carlos.

O texto cita a ótima campanha do alvinegro paulista no Campeonato Brasileiro, os planos para a construção de um estádio para 68 mil torcedores e ensina que o nome do clube se constitui em homenagem ao Corinthian inglês, que excursionou pelo país em 1910.

Em seguida, o jornalista faz uso de 322 caracteres para lembrar da façanha de janeiro de 2000, quando a agremiação conquistou o primeiro Mundial de Clubes da FIFA. Ripley afirma que os torcedores do Manchester United têm uma razão para se lembrar do time de Dida, Edu e Freddy Rincón.

O texto reconta a história do torneio: United and Real Madrid failed to even reach the final as Corinthians defeated national rivals Vasco da Gama on penalties.

Em seguida, afirma que o clube tem 26 títulos paulistas, naquela que o autor classifica como “Brazil’s strongest region of football”. Completa o parágrafo afirmando que seus rivais Palmeiras, Santos e São Paulo têm mais campeonatos nacionais. Em seguida, porém, lembra que o Corinthians conquistou três vezes a Copa do Brasil.

O Daily Mail destaca a rivalidade local e o papel dos trabalhadores imigrantes na fundação da agremiação. Por conta dessas raízes, o clube é considerado pelo autor como “historically left-wing”. O jornalista ainda aponta Sócrates como o principal ídolo do alvinegro (an inspiration on-and-off the pitch), além de citar outros craques, como Rivellino e Ronaldo.

Em um texto direto, sem artifícios de exaltação, recorda também dos problemas gerados pela parceria com a MSI (Media Sports Investment), do rebaixamento para a Série B, em 2007, e da traumática desclassificação para o colombiano Tolima, na Libertadores de 2011.

No entanto, ao apresentar o rico material dos colegas britânicos, o UOL escolheu o seguinte título para sua própria matéria: “Ingleses fazem guia sobre o Corinthians: time regional e esquerdista”.

Os leitores familiarizados com o futebol sabem muito bem o que significa chamar um time de “regional”. Significa que não tem qualquer expressão nacional e internacional. Soa, quase sempre, como um insulto.

No atual jornalismo de reprodução e tradução, primo do famigerado sistema “gilette press”, o instrumento mais utilizado é a pinça. Quase sempre, ela é manipulada para atender aos interesses políticos e ideológicos da empresa de comunicação ou de seus colaboradores jornalistas.

Nesses casos, separa-se meticulosamente o que possa humilhar, desqualificar ou criminalizar a personalidade ou instituição em foco no texto estrangeiro. Se não há algo realmente desabonador, exagera-se na apresentação de eventuais vícios ou defeitos da vítima. Em casos extremos, recorre-se à farsa da invenção.

O UOL afirma que “o Corinthians não é muito conhecido na Europa”. E para justificar essa troça introduz a expressão “regional” no título de sua matéria. A expressão – reafirme-se – não foi utilizada no material do Daily Mail. O termo “region”, acima exposto no contexto original, aparece apenas para valorizar o futebol paulista.

No material que não recebe assinatura, exceto um anônimo “UOL Esporte”, frauda-se com descaro a linha de raciocínio e a argumentação da fonte noticiosa. A importância do Mundial de 2000 é reduzida. Em seu lugar, ganha espaço o lugar-comum do escárnio, a tentativa de desqualificação da instituição-personagem.

No dia 14, o UOL voltou à carga. Em sua primeira página, estampou, sob a imagem de Tevez, em vermelho, a pergunta “Quantas Libertadores ganhou?”. Abaixo, noticia um quiz sobre o Corinthians publicado pelo Guardian, também britânico. São dez perguntas, e o UOL pinçou a que lhe convinha para exercitar o jornalismo de molecagem.


O jornal como peça de provocação
Neste caso particular, o trabalho de desconstrução da verdade exibe-se na cancha da cobertura esportiva. O paradigma do esculacho, no entanto, tem sido reproduzido em outras editorias dos principais jornais. Para definir esse comportamento, vale recorrer à expressão “complexo de vira-lata”, cunhada pelo dramaturgo e escritor Nelson Rodrigues em suas reflexões sobre o futebol e a cultura nacional.

Qualquer retalho de letras norte-americano ou europeu que condene, critique ou insulte o Brasil e os brasileiros ganha imediatamente destaque na grande imprensa paulista, especialmente quando reproduz os mitos que nos atribuem imperfeições natas associadas aos conceitos de inferioridade e incompetência.

Vige a regra, por exemplo, de que o país não pode exercer sua soberania, exceto se os movimentos da Justiça ou da diplomacia seguirem a reboque das velhas potências.

Nada mais natural, portanto, que a ascensão de um clube de origem popular seja vista como anátema pelos escribas da Barão de Limeira. Em sua obra cotidiana de zombaria esportiva, o UOL despreza os mais elementares princípios do jornalismo, assim como logra seus leitores, muitos deles consumidores pagantes dos serviços de seu provedor.

Os jornalistas bem podiam investir a energia da caçoada em serviço informativo. Gerariam mais valor se explicassem o porquê da referência ao “esquerdismo” corinthiano.

Anotariam um tento de comunicação se contassem, por exemplo, que o alvinegro não tem origem no proselitismo marxista, mas sim no anarquismo operário, essencialmente mutualista, que mobilizava as multidões do bairro do Bom Retiro, há um século.

Teriam explicado que esse caráter universalista foi responsável pela mistura de tanta gente distinta, dos carroceiros italianos aos negros do serviço braçal, das costureiras espanholas aos comerciantes sírios e libaneses da Rua 25 de Março, dos japoneses bananeiros do Mercadão aos valentes nordestinos importados pela construção civil.

Um jornalismo culto e responsável mostraria que outros clubes carregam esse ethos popular na cena esportiva brasileira. É o caso do carioca Vasco da Gama (instituição que foi fundamental na luta contra o racismo no Brasil), do pernambucano Santa Cruz , do cearense Ferroviário e do gaúcho Internacional, entre outros.

Atenção ao próprio rabo
Nas páginas dos principais diários, sobra indignação quando a paixão do futebol se converte em conflito e violência. A mídia nunca se vê, no entanto, como generosa fornecedora do combustível para esse tipo de embate bestial. Basta uma passada de olhos pelos comentários abaixo das matérias para se ter noção clara das calamidades que esse tipo de jornalismo patrocina.

A cultura pop oferece várias leituras dos embaraços gerados pelo desconhecimento da língua e do pensamento do outro. Em homenagem ao método do UOL, que se pince aqui o mote de Lost in Translation (Encontros e Desencontros, 2003), dirigido por Sofia Coppola, com Bill Murray e Scarlett Johansson.

No filme, os personagens principais encontram-se em Tóquio, perdidos por desconhecerem o idioma e os costumes locais. Por conta dessa aflição, no entanto, estabelecem uma parceria marcada pela cooperação e pela busca de seus verdadeiros sentimentos. Cientes da própria ignorância, buscam paciente e respeitosamente decifrar o lugar e seus habitantes.

A obra cinematográfica oferece, sem pieguice, uma inteligente lição de civilidade. Trata-se de bom exemplo para quem, na hora de traduzir e comunicar, predispõe-se a trocar o embuste pela instrução.



A preservação da República





Pedro Estevam Serrano

Vivemos uma época de confusão de valores, em que as situações de mistura entre o que é público e o que é privado são recorrentes. A recente declaração do ministro da Defesa, Nelson Jobim, de que votou na campanha presidencial de 2010 no candidato José Serra (PSDB), ícone da oposição ao governo Dilma Rousseff, é mais um lance dessa confusão.

Em entrevista ao portal UOL, Jobim disse que votou em Serra pelos anos seguidos de uma amizade que é de conhecimento público. Disse ainda que comunicou o fato ao ex-presidente Lula —na ocasião, ocupante do mais alto cargo da esfera pública. Segundo Jobim, sua manifestação se deu ao ser convidado a gravar depoimento para a candidatura de Dilma.

O ministro teria dito, então, que havia uma posição “irremovível” que seria sua amizade e consequente voto em Serra, mas que havia uma situação “removível” que era sua condição de ministro a impedi-lo de fazer campanha para o tucano. Há de se convir que a colocação embute certo tom de desafio, mas Lula preferiu mantê-lo no cargo. Dilma venceu as eleições e também segurou Jobim no Ministério da Defesa.

É preciso separar o que é de cunho pessoal e o que é da esfera pública. Parece-me evidente que se o ministro quis votar no amigo no interior secreto da urna, o que se dá é o simples exercício de sua capacidade eleitoral ativa. Não há reparos a essa escolha, é um direito de todo cidadão. Pode-se argumentar que os amigos nem sempre partilham de nossas concepções —políticas, econômicas, sociais, religiosas— e ainda assim são nossos amigos.

Avalio, contudo, que a declaração pública de voto por Jobim constitui contradição ao princípio republicano, para além dos constrangimentos à presidenta.
O tom e o conteúdo adotados na declaração de voto denotam que Jobim se vê numa posição inatingível mesmo pela presidenta. Algo, aliás, presente na relação com o ex-presidente Lula, segundo a entrevista de Jobim. Essa postura, a rigor, empurra a presidenta para uma verdadeira “sinuca”, com duas soluções: ou Dilma o demite ou admite ter em seu Ministério alguém que não pode remover.

Na segunda hipótese, há reconhecimento de que Jobim é uma espécie de “ministro-dono” do cargo, diferente dos demais ministros e com capacidade para permanece no cargo independentemente de qualquer relação de confiança política com a presidenta. E é exatamente nesse ponto que reside o cerne do problema.

Os cargos de ministro de Estado são de provimento de confiança. Tal forma de provimento existe na estrutura administrativa como garantia ao princípio republicano, ou seja, de que o funcionamento do Estado se dá por orientação do interesse público . Em decorrência, esse princípio implica na periodicidade dos mandatos eletivos, quer dizer, mudança periódica de governo e governantes,e mais que iisso mudança de programas de governo.

Para possibilitar que tal mudança programatica de governo chegue a todos os rincões da Administração é que os cargos de auxiliares direitos do presidente tem provimento em comissão, por criterio de confiança politica do presidente. Para que este modelo republicano funcione de forma eficaz é fundamental que a presidenta salvaguarde a confiabilidade de seus nomeados face ao programa para a qual foi eleita.

O provimento em confiança anima-se, portanto, pelo imperativo de concretização do programa político e de governo consagrado nas urnas. É a partir do instituto da designação de auxiliares diretos, escolhidos por conta de sua confiabilidade política, que o presidente eleito leva a todos os rincões da Administração seu programa. Em suma, é só assim que se garante o mínimo de correlação entre os conteúdos defendidos na campanha eleitoral e a realização das políticas de governo.

Ora, quando Jobim declara que votou em Serra, o que ele está dizendo em alto e bom som é que avalia —pelo menos avaliava— o programa oposicionista como sendo melhor. Há, portanto, um desalinhamento transparente entre o que queria o ministro e o que defendeu a presidenta, com maioria do apoio da população votante. Esse ruído se torna ainda mais estridente se observarmos que, hoje, Serra se coloca no espectro político nacional como oposição sistemática e extrema ao governo Dilma.

Quando a presidenta da República permite a um ministro permanecer no cargo após ele se declarar desalinhado com o programa de governo e exprimir simpatia pelo candidato que representou programa político diverso, quem perde não é apenas a presidenta em termos de seu poder pessoal —aliás, este é o problema menor—, mas, sim, a República como valor em nosso sistema político.

A presidenta, nesta sua omissão, deixa de dar vazão a seu dever institucional de defender a República como principio jurídico e político, assim como deixa de ecoar a vontade dos eleitores que a elegeram. A situação desnuda não apenas a tentativa de subtrair poder da presidenta, mas, fundamentalmente, conduta claudicante no dever de defesa da República como valor maior.

Ademais, qualquer argumentação de defesa do voto por razões pessoais tende, igualmente, a ser contrária aos interesses públicos, já que a motivação do voto deveria assentar-se sobre critérios racionais e lógicos voltados aos programas de governo. Este é, aliás, um dos nortes no debate sobre reforma política: como fortalecer as escolhas programáticas na hora do voto, em substituição às opções emocionais —tais quais a amizade.

Por fim, o que os brasileiros ficamos a nos perguntar diante das declarações de Jobim é: entre as pessoas e líderes dos partidos que apoiam o programa político para o qual Dilma foi eleita para concretizar, não há ninguém em condições de assumir o Ministério da Defesa? Alguém em especial que não se sinta tentado a desafiar a autoridade presidencial e a menoscabar o projeto político do governo do qual participa?


Pedro Estevam Serrano é advogado e professor de Direito Constitucional da PUC-SP,mestre e doutor em Direito do Estado pela PUC-SP.



O inacreditável fechamento do aeroporto Santos Dument pela Fifa

A Copa não vale tudo isso
O Estado de S.Paulo

Que a Fifa, o órgão máximo do futebol mundial, tenha lá suas manias e exigências, para assegurar o maior brilho possível aos eventos que organiza, até se entende, pois ela vive do espetáculo – algumas vezes nada edificante, como os recentes casos de suborno durante o processo de eleição de sua direção. O que não se pode aceitar é que, numa demonstração de subserviência à Fifa, as autoridades brasileiras se rendam a quaisquer de suas exigências, impondo transtornos à população que nada tem a ver com os interesses em jogo na organização da Copa de 2014.

É absurda a decisão do governo de, a pedido do Comitê Organizador Local da Copa – que, por sua vez, atendia à reivindicação da Fifa -, suspender todas as operações no Aeroporto Santos-Dumont, durante quatro horas, para não prejudicar a festança organizada pelos cartolas nacionais e internacionais na Marina da Glória, na área central do Rio de Janeiro, durante a qual serão sorteados os grupos das eliminatórias para a Copa de 2014.

Mais de 40 voos programados para o período das 14 às 18 horas de sábado serão removidos do Santos-Dumont, um dos aeroportos mais movimentados do País, para o Galeão, afetando a vida dos passageiros que pretendiam se valer da comodidade da utilização de um aeroporto central. Antes de começar, a Copa já causa incômodos ao público, no que pode ser um prenúncio do que ocorrerá quando de sua realização daqui a três anos.

E por que tudo isso? Aviões fazem barulho, descobriram os organizadores da grande festa do sorteio dos grupos das eliminatórias da Copa. Por isso, melhor que eles não sobrevoem a área da Marina da Glória – que fica na rota dos voos que utilizam o Aeroporto Santos-Dumont – pouco antes, durante e pouco depois da realização da festança da cartolagem.

No palco montado no centro de uma estrutura que tem ainda um salão de festas de 7.600 metros quadrados, mais salas de imprensa e de logística, vão se apresentar artistas como Ivan Lins, Ana Carolina e Ivete Sangalo e ídolos do esporte como Zagallo, Neymar, Ronaldo e Zico. Serão vários sorteios, cada um para uma região do planeta, intercalados com espetáculos musicais.

Os cartolas alegam também que os aviões poderiam afetar os equipamentos de transmissão da festança, que será transmitida para 200 países, com expectativa de uma audiência de 500 milhões de pessoas. É o caso de perguntar: se sabiam disso, por que escolheram para sua realização um local exatamente numa das rotas aéreas de maior movimento no País?

A suspensão das operações no Aeroporto Santos-Dumont por quatro horas não é o único ônus que a Copa, cuja realização ainda é motivo de dúvida, já impõe aos brasileiros. Há outro, de natureza financeira, que começa a pesar no bolso dos contribuintes – e pesará ainda mais, se as obras programadas para os estádios e para a infraestrutura urbana e de transportes, sobretudo nos aeroportos, avançarem de acordo com seus cronogramas, o que até agora não ocorreu.

A festança de sábado será paga com dinheiro público. O custo de R$ 30 milhões será inteiramente bancado pelo governo do Estado do Rio e pela prefeitura do Rio de Janeiro, também por exigência da Fifa, como justificou a diretora executiva do Comitê Organizador Local, Joana Havelange.

Políticos e cartolas, nacionais e estrangeiros, terão destaque na festa e dela certamente auferirão ganhos pessoais. Também as empresas incumbidas da organização e realização das diferentes etapas do sorteio serão favorecidas. Mas nenhum benefício terá o contribuinte com esse esbanjamento do dinheiro público.

Naquilo que a aplicação dos recursos públicos decidida com o objetivo de assegurar a realização da Copa do Mundo e da Olimpíada de 2016 poderia resultar em ganhos para a população, como as obras de infraestrutura, está tudo atrasado. O caso mais notório é do sistema aeroportuário, já saturado, mas com obras de reforma e ampliação muito atrasadas. A suspensão das operações no Aeroporto Santos-Dumont piora o que já é ruim.


Comentário do Senhor C.:

- Pois é, sinto o cheiro de que há mais negócios ocultos no ar, além de aviões desviados para o Galeão. Marina da Glória, hummm!!!, não é aquele belo lugar do Rio de Janeiro onde fica o Hotel Glória - outrora reduto de presidentes e agora adquirido pelo magnata nacional chamado Eike Baptista? Hummmmmm.....pensando bem, se procurar por aí, acharemos elos entre cerimônias da copa, interesses da cartolagem e grandes negócios imobiliários. A Copa vai ser uma festa, mas o principal do banquete mais uma vez não significará melhores transportes coletivos, mais arenas para a diversão e o lazer da massa. Ao contrário, alguns privilegiados terão ficado mais ricos! É o Brasil, ou seria a cartolagem do futebol, pedindo passagem!

Voltei!

Alguns dias fora do ar e a gente assusta com a passagem do tempo. Uma semana?! Puxa vida, já?!
Pois é, nada demais aconteceu, exceto um estado de impossibilidade geral causado pelos sintomas gripais agravados pelo clima seco do cerrado nesta época do ano.
Mas, agora já refeito, estou de volta!
Allez!

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Acorda Dilma!


por Altamiro Borges

Testando o clima político, a mídia demotucana tem atiçado os seus leitores, telespectadores e ouvintes para sentir se há condições para a convocação de protestos de rua contra o governo Dilma. O mote dos filhotes de Murdoch seria o do combate à corrupção, o da “ética”. A experiência a copiar seria a da “revolução dos indignados” na Espanha.
Na prática, o objetivo seria o de reeditar as “Marchas com Deus”, que prepararam o clima para o golpe de 1964, ou o finado movimento Cansei, de meados de 2007, que reuniu a direita paulistana, os barões da mídia e alguns artistas globais no coro do “Fora Lula”. Até agora, o teste não rendeu os frutos desejados. Mas a mídia golpista insiste!

Visão conspirativa?
A idéia acima exposta pode até parecer conspirativa, amalucada. Mas é bom ficar esperto. Nos últimos dias, vários “calunistas” da imprensa têm conclamado a sociedade, em especial a manipulável “classe média”, a se rebelar contra os rumos do país. Parece algo articulado – “una solo voz”, como se diz na Venezuela sobre a ação golpista da mídia.
O primeiro a insuflar a revolta foi Juan Arias, correspondente do jornal espanhol El País, num artigo de 11 de julho. O repórter, que adora falar besteiras sobre o Brasil, criticou a passividade dos nativos, chegando a insinuar que impera no país a cultura de que “todos são ladrões”. Clamando pela realização de protestos de rua, ele provocou: “Será que os brasileiros não sabem reagir à hipocrisia e à falta de ética de muitos dos que os governam”.

O Globo e Folha
Logo na sequência, dia 17, O Globo publicou reportagem com o mesmo tom incendiário. O jornal quis saber por que o povo não sai às ruas contra a corrupção no governo Dilma. Curiosamente, o que prova as péssimas intenções da famiglia Marinho, o diário só não publicou as respostas do MST, que desmascaram as tramas das elites (leia aqui).
Já nesta semana, o jornal FSP (Folha Serra Presidente) entrou em campo para reforçar o coro dos “indignados”. No artigo “Por que não reagimos”, de terça-feira (19), o colunista Fernando de Barros e Silva, que nunca escondeu a sua aversão às forças de esquerda, relembrou a falsa retórica udenista do falecido Cansei:
“Por que os brasileiros não reagem à corrupção? Por que a indignação resulta apenas numa carta enviada à redação ou numa coluna de jornal. Por que ela não se transforma em revolta, não mobiliza as pessoas, não toma as ruas? Por que tudo, no Brasil, termina em Carnaval ou em resmungo?”.
Hoje, 21, foi a vez de Eliane Cantanhêde, a da “massa cheirosa do PSDB”. Após exigir que Dilma seja mais dura contra a corrupção, ela cobra uma reação da sociedade. “A corrupção virou uma epidemia… E os brasileiros que estudam, trabalham, pagam impostos e já pintaram a cara contra Collor, não estão nem aí? Há um silêncio ensurdecedor”.

Seletividade da mídia
Como se observa, o discurso é o mesmo. Ele conclama o povo a ir às ruas contra a corrupção… no governo Dilma. De quebra, ainda tenta cravar uma cunha entre a atual presidenta e o seu antecessor. A corrupção seria uma “herança maldita” de Lula. A intenção não é a de apurar as denúncias e punir os culpados, mas sim a de sangrar o atual governo.
Na sua seletividade, a mídia demotucana nunca convocou protestos contra o roubo da privataria tucana ou contra a reeleição milionária de FHC. Ela também nunca se indignou e exigiu que sejam desarquivadas as quase 100 CPIs contra as maracutaias do governo do PSDB de São Paulo. Para a mídia golpista, o discurso da ética é funcional. Só serve para os inimigos!

Acorda Dilma!
É bom a presidenta Dilma ficar esperta. O tempo está se esgotando. A fase do “namorico” com a mídia acabou. Das denúncias de corrupção, que já sangram o governo há quase dois meses, a imprensa partidarizada já passou para a fase da convocação de protestos de rua. Como principal partido da oposição, a mídia retomou a ofensiva. E o governo se mantém acuado, paralisado, sem personalidade.


Falar de corrupção é uma forma de mudar de assunto

Foto: José Serra (PSDB), em plena campanha eleitoral de 2010, posa triunfante junto aos escombros da reforma do Maracanã, no Rio. Simboliza bem o atual estado-da-arte do pensamento liberal brasileiro e mundial. Serra é um gênio às avessas: Roma em chamas, Atenas em escombros, e o Zé fazendo gestos triunfais.

Por que a oposição não fala mais de economia?

Subitamente, setores da sociedade brasileira querem que o povo saia às ruas. É preciso qualificar esses “setores da sociedade brasileira”. São aqueles que foram apeados do poder político no início dos anos 2000 e que tiveram sua agenda política e econômica dilacerada pela realidade. A globalização econômica cantada em prosa e verso nos anos 1990 revelou-se um fracasso retumbante. A globalização financeira, a única que houve, afundou em uma crise dramática que drenou bilhões de dólares da economia real, conta que, agora, está sendo paga por quem costuma pagar essas lambanças: o povo trabalhador que vive da renda de seu trabalho.

Durante praticamente duas décadas, nos anos 80 e 90, a esmagadora maioria da imprensa no Brasil e no exterior repetiu os mesmos mantras: o Estado era uma instituição ineficiente e corrupta, era preciso privatizar a economia, desregulamentar, flexibilizar. A globalização levaria o mundo a um novo renascimento. Milhares de editoriais e colunas repetiram esse discurso em jornais, rádios, tvs e páginas da internet por todo o mundo. Tudo isso virou pó. Os gigantes da economia capitalista estão mergulhados em uma grave crise, a Europa, que já foi exemplo de Estado de Bem-Estar Social, corta direitos conquistados a duras penas após duas guerras mundiais. A principal experiência de integração regional, a União Europeia, anda para trás.

No Brasil, diante da total ausência de programa, de projeto, os representantes políticos e midiáticos deste modelo fracassado que levou a economia mundial para o atoleiro, voltam-se mais uma vez para o tema da corrupção. Essa é uma história velhíssima na política brasileira. Já foi usada várias vezes, contra diferentes governantes. Afinal de contas, os corruptos seguem agindo dentro e fora dos governos. Aparentemente, por uma curiosa mágica, eles são apresentados sempre como um ser que habita exclusivamente a esfera pública. Quando algum corrupto privado aparece com algemas, costuma haver uma surda indignação contra os “excessos policiais”.

No último domingo, o jornal O Globo publicou uma reportagem para questionar por que os brasileiros não saem às ruas para protestar contra a corrupção. O Globo sabe a resposta. Como costuma acontecer no Brasil e no resto do mundo, o povo só sai às ruas quando a economia vai mal, quando há elevadas taxas de desemprego, quando as prateleiras dos super mercados tornam-se território hostil, quando não há perspectiva para a juventude. Não há nada disso no Brasil de hoje. Há outros problemas, sérios, mas não estes. A violência, o tráfico de drogas, as filas na saúde, a falta de uma educação de melhor qualidade. É de causar perplexidade (só aparente, na verdade) que nada disso interesse à oposição. Quem está falando sobre isso são setores mais à esquerda do atual governo.

Comparando com o que acontece no resto do mundo, a economia brasileira vai bem. Não chegamos ao paraíso, obviamente. Longe disso. Há preocupações legítimas em nosso vale de lágrimas que deveriam ser levadas a sério pelo governo federal sobre a correção e pertinência da atual política cambial e de juros, apenas para citar um exemplo. O Brasil virou mais uma vez um paraíso para o capital especulativo e a supervalorização do real incentiva um processo de desindustrialização.

Curiosamente, essa não é a principal bandeira da oposição. Por que estão centrando fogo no tema da corrupção e não na ausência de mecanismos de controle de capitais, por exemplo? Por que não há editoriais irados e enfáticos contra a política do Banco Central e as posições defendidas pelos agentes do setor financeiro? Bem, as respostas são conhecidas. Os partidos políticos não são entidades abstratas descoladas da vida social das comunidades. Alguns até acabam pervertendo seus ideais de origem e se transformam em híbridos de difícil definição. Mas outros permanecem fiéis às suas origens e repetem seus discursos e estratégias, década após década.

Nos últimos dias, lideranças nacionais do PSDB e seus braços midiáticos vêm repetindo um mesmo slogan: o Brasil vive uma das mais graves crises de corrupção de sua história. Parece ser uma tese com pouco futuro. Tomando as denúncias de corrupção como critério, o processo de privatizações no período FHC é imbatível. Há problemas econômicos reais no horizonte. É curioso que isso não interesse à oposição. Afinal, é isso que, no final das contas, faz o povo sair às ruas. Sempre foi assim: a guerra, a fome, o desemprego. Esses são os combustíveis das revoluções.

A indigência intelectual e programática da oposição brasileira não consegue fazer algo além do que abrir a geladeira, pegar o feijão congelado meio embolorado da UDN, colocá-lo no forno e oferecê-lo à população como se fosse uma feijoada irrecusável. Mas no fundo não se trata de indigência. É falta de alternativa mesmo. Falta de ter o quê dizer. Não falta matéria-prima para uma oposição no Brasil, falta cérebro e, principalmente, compromisso com um projeto de país e seu povo.

O modelo político-econômico que hoje, no Brasil, abraça a corrupção como principal bandeira esteve no poder nas últimas décadas por toda a América Latina e foi varrido do mapa político do continente, com algumas exceções. Seu ideário virou sinônimo de crise por todo o mundo. É preciso mudar de assunto mesmo. A verdade, em muitos casos, pode ser insuportável, ou, simplesmente, inconveniente.

Artigo do jornalista Marco Aurélio Weissheimer, Carta Maior.



O moderno reacionário é a porta de entrada do velho fascismo




Marcelo Semer
Terra Magazine

Se você não entendeu a piada de Rafinha Bastos afirmando que para a mulher feia o estupro é uma benção, tranquilize-se.
O teólogo Luiz Felipe Pondé acaba de fornecer uma explicação recheada da mais alta filosofia: a mulher enruga como um pêssego seco se não encontra a tempo um homem capaz de tratá-la como objeto.

 Se você também considerou a deputada-missionária-ex-atriz Myriam Rios obscurantista ao ouvi-la falando sobre homossexualidade e pedofilia, o que dizer do ilustrado João Pereira Coutinho que comparou a amamentação em público com o ato de defecar ou masturbar-se à vista de todos?

Nas bancas ou nas melhores casas do ramo, neo-machistas intelectuais estão aí para nos advertir que os direitos humanos nada mais são do que o triunfo do obtuso, a igualdade é uma balela do enfadonho politicamente correto e não há futuro digno fora da liberdade de cada um de expressar a seu modo, o mais profundo desrespeito ao próximo.

O moderno reacionário é um subproduto do alargamento da cidadania. São quixotes sem utopias, denunciando a patrulha de quem se atreve a contestar seu suposto direito líquido e certo a propagar um bom e velho preconceito.

Pondé já havia expressado a angústia de uma classe média ressentida, ao afirmar o asco pelos aeroportos-rodoviárias, repletos de gente diferenciada. Também dera razão em suas tortuosas linhas à xenofobia europeia. De modo que dizer que as mulheres - e só elas - precisam se sentir objeto, para não se tornarem lésbicas, nem devia chamar nossa atenção.
 Mas chamar a atenção é justamente o mote dos ditos vanguardistas. Detonar o humanismo sem meias palavras e mandar a conta do atraso para aqueles que ainda não os alcançaram.

No eufemismo de seus entusiasmados editores, enfim, tirar o leitor da zona de conforto. É o que de melhor fazem, por exemplo, os colunistas do insulto, que recheiam as páginas das revistas de variedades, com competições semanais de ofensas.

O presidente é uma anta, passeatas são antros de maconheiros e vagabundos, criminosos defensores de ideais esquerdizóides anacrônicos e outros tantos palavrões de ordem que fariam os retrógrados do Tea Party corarem de constrangimento. Não é à toa que uma obscura figura política como Jair Bolsonaro foi trazida agora de volta à tona, estimulando racismo e homofobia como direitos naturais da tradicional família brasileira. E na mesma toada, políticos de conhecida reputação republicana sucumbiram à instrumentalização do debate religioso, mandando às favas o estado laico e abrindo a caixa de Pandora da intolerância, que vem se espalhando como um rastilho de pólvora. A Idade Média, revisitada, agradece.

Com a agressividade típica de quem é dono da liberdade absoluta, e o descompromisso com valores éticos que consagra o "intelectual sem amarras", o cântico dos novos conservadores pode parecer sedutor. Um bad-boy destemido, um lacerdista animador de polêmicas, um livre-destruidor do senso comum. Nós já sabemos onde isto vai dar.
 O rebaixamento do debate, a política virulenta que se espelha no aniquilamento do outro, a banalização da violência e a criação de párias expelidos da tutela da dignidade humana.

O reacionário moderno é apenas o ovo da serpente de um fascismo pra lá de ultrapassado.

Marcelo Semer é Juiz de Direito em São Paulo. Foi presidente da Associação Juízes para a Democracia. Coordenador de "Direitos Humanos: essência do Direito do Trabalho" (LTr) e autor de "Crime Impossível" (Malheiros) e do romance "Certas Canções" (7)


quarta-feira, 20 de julho de 2011

Invertendo o fluxo

por Vladimir Safatle

Foi a partir dos anos 1930 que as universidades americanas começaram sua ascensão em direção ao topo do mundo.
Até então, os EUA tinham boas universidades, mas sua influência era limitada.

A vinda maciça de pesquisadores, cientistas e acadêmicos renomados de países europeus foi um elemento decisivo na modificação de tal realidade. Fugindo das condições políticas e econômicas adversas na Europa, tal massa de acadêmicos reconfigurou a vida universitária americana, deixando traços visíveis até hoje.

Se o Brasil tiver senso de oportunidade, algo parecido poderá ocorrer entre nós. Devido à crise econômica e social, não são poucos os acadêmicos europeus ou jovens doutores de talento que gostariam de imigrar para um país onde se pode desenvolver pesquisas sem temer o próximo corte orçamentário.

Professores brasileiros que viajam constantemente para conferências internacionais ouvem, com cada vez mais insistência, o desejo de seus colegas estrangeiros em conhecer melhor as condições de trabalho no Brasil. Eles sabem que o país quer desempenhar um papel mais relevante no cenário global e que, para tanto, precisaremos investir em nossas universidades.
Conhecemos situações em que concursos são abertos em universidades públicas e não são preenchidos por falta de candidatos qualificados. Há de se perguntar se não poderíamos dar um passo realmente efetivo em direção à internacionalização de nossas universidades criando condições para que mesmo estrangeiros prestem concursos.

Para tanto, bastaria, por exemplo, que eles pudessem fazer provas em inglês à condição de assinar um termo de compromisso onde se obrigariam a aprender português e dar aulas em nossa língua depois de um ou dois anos.

As vantagens para nossos alunos seriam inegáveis, pois eles teriam um corpo docente internacional, com pesquisadores de várias tendências capazes de aumentar o nível dos debates entre os próprios professores. Os alunos teriam uma abertura efetiva de horizonte importante para seu processo de formação.

As vantagens para o país seriam também evidentes, já que poderíamos, como fizeram os EUA nos anos 1930, receber grupos de pesquisadores que desenvolveriam suas pesquisas em solo pátrio.

A estabilidade econômica que parece se delinear para o Brasil nos próximos anos pode ser um fator importante para a abertura de uma nova fase em nossa vida acadêmica.

Se o governo estiver disposto a usar recursos do pré-sal para o investimento em educação e pesquisa, o Brasil terá condições de se tornar um lugar atrativo para pesquisadores dispostos a escapar de países em bancarrota e envenenados por delírios xenófobos.


Hilária Musical: Joelho de Porco

E continua nossa incursão pela música bem-humorada...



Comentário do Senhor C.:
- Uma questão quase atemporal!

Bom dia Argentina

Mais um pouco do Les Luthiers.




Comentário do Senhor C.:
- Mais um pouco da genialidade bem humorada e do sarcasmo musical do grupo argentino, ainda ativo e que foi cultuado na cena musical, especialmente sul-sudeste, nos anos 70/80.

terça-feira, 19 de julho de 2011

Exercícios de crítica de cinema



O retrato de Dorian Gray, de Oliver Parker (direção). Reino Unido, 2009, cor. 122 min.


Fac-símile do único romance de Oscar Wilde, o filme tenta resgatar o tema do pacto faustiano no ambiente lúgubre da Londres vitoriana. O herói do título, como sabem os que leram o livro, vende a alma ao diabo, em troca das únicas coisas que valeriam a pena ter: beleza e juventude. E para sempre! Por força deste pacto, é o retrato que vai envelhecer no lugar do retratado, absorvendo as marcas e agruras sucessivamente sustentadas por Dorian, o personagem do título.

A obra de Oscar Wilde - ele mesmo um personagem emblemático da atitude da juventude londrina à moral vitoriana, com sua homossexualidade assumida e seu ares de pouco caso a moral vigente, tem resistido à passagem do tempo, como se ela própria representasse o retrato da trama.

A sociedade vitoriana envelheceu, Londres se tornou um lugar cosmopolita e de enorme diversidade sexual, o autor já se foi, mas seu romance se pereniza como um relato das relações entre os homens e suas épocas, entre o indivíduo e o produto maior que é a sua trajetória de vida.

Rica de sentidos e interpretações na literatura, a história de Dorian, no entanto, vai sofrer nas mãos do diretor Oliver Parker, sua transformação num pastiche de horror de segunda mão e em algo mais próximo do que chamaríamos de pornôsoft. Ainda que alguns cortes secos na elaboração do ritmo e planos em primeira pessoa esboçam pretensão autoral, o filme rapidamente submerge no oceano de macetes e clichês, que faz um suceder de imagens assumir tons bastante artificiais, óbvios e, até, ridículos:: orgias com cobras e danças africanas, ruas cinzentas com mendigos e assassinos, mansão com sótão mal-assombrado, pesadelos misteriosos em flash-back. A reconstituição de Londres com CGI reforça o chavão geral: o fog, as chaminés, o lúgubre Tâmisa, uma atmosfera sinistra onde Jack Estripador poderia surgir de qualquer esquina.

Os personagens do livro se retraem a pálidos reflexos de si mesmos. A alma torturada do Dorian original reaparece em "ceninhas" básicas de choro, mais afeitas a figuras descentradas, dândis sem rumo, ou o que o pastiche geral faz chamar a expressão 'gays' no jargão "bibas". O pintor Basil não tem melhor sorte: é enquadrado numa espécie de "homonormatividade", em si bastante dissonante da obra de Wilde. O filme também revisita Lord Henry Wotton, agora um aristocrata amargurado e hipócrita, que manipula o protagonista. Até poderia funcionar, não fosse o roteiro, que chega a colocá-lo fazendo apostas sobre o desempenho sexual do pupilo (uma das piores seqüências).

Se o Lord Henry interpretado por George Sanders, na versão em preto-e-branco de 1945, lia Flores do Mal, este parece viciado em canais "B" de filmes pornôs igualmente classificáveis com tal letra. De fato, sem rascunho de lascívia, as cenas (pretensamente) eróticas perdem até para séries televisivas da BBC e novelas "globais".

A impressão que fica é de que Parker adaptou O retrato de alguma sinopse para vestibulandos preguiçosos. Se o romance de 1890 abordava desde o estatuto da arte representativa até as relações de classe e sua imagem, no coração do capitalismo industrial, o filme de 2009 é tão oco quanto o personagem epônimo, e ainda por cima sem charme. Como diria o escritor, não é questão de ser moralista: é ruim mesmo!

Incrível como basta invocar títulos da boa literatura que qualquer charlatão com uma câmera consegue levar-nos ao cinema. Em suma: não saia de casa por ele, nem mesmo para ir a locadora da esquina num domingo chuvoso e carregado de tédio.



Em defesa de valores que nunca devem ser esquecidos


Pela descriminalização das drogas e por uma política de Estado que reconheça o problema como uma questão de saúde pública.

Dez mandamentos contra a criminalização das drogas.

A criminalização da circulação de uma substância:

1) não coíbe efetivamente o consumo;

2) não desincentiva a demanda;

3) fortalece a aura de rebeldia jovem, ao redor da clandestinidade;

4) conduz à territorialização armada da venda;

5) motiva a violência na defesa e conquista dos territórios monopolizados;

6) motiva a violência policial em resposta, mesmo como pretexto para outras ações;

7) inflaciona o preço, contorna os impostos e reduz drasticamente a qualidade do produto, multiplicando os lucros da cadeia produtiva;

8) facilita a corrupção da polícia, a formação da milícia e o caixa 2 de campanhas eleitorais;

9) confere um corte classista à violência, incidindo sobre populações mais pobres, acentuando o estigma social e racial;

10) financia a máfia internacional, que aufere os principais dividendos do negócio e os utiliza noutras atividades muito piores (tráfico de armas, de mulheres), estendendo tentáculos aos governos nos mais diversos níveis institucionais.


Por tudo isso, nenhuma droga deveria ser assunto de polícia, mas de saúde pública. 
Como o cigarro e a bebida alcóolica.


Reproduzido de quadradodosloucos.blogspot.com




Bom dia mundo: Arctic Monkeys

A banda da geração Y



Comentário do Senhor C.:

- É a música sempre se renovando, mas correndo da captura pelo mercado, ainda que não lhe escape.

Hilária musical: Joelho de Porco

Comentário do Senhor C.:

- E já que falamos em joelho de porco...hummmmmm....aí vai uma gostosura deste grupo liderado por Tico Terpins e que fez sucesso na cena paulistana e arredores nos anos 80.


Bom dia Argentina

Comentário do Senhor C.:

- Um grupo musical portenho que remete a um período fértil, também entre nós, de grupos que usaram a ironia mordaz e o cinismo musical como crítica e ação política. Quem ainda não ouviu Joelho de Porco não faz idéia do que estamos falando.


Música para aquecer dias frios! Onda Vaga

O mamão e suas funções nutricionais

O mamão (Carica papaya), originário da América Tropical, é uma das melhores frutas do mundo, tanto pelo seu valor nutritivo, como pelo poder medicinal.

• Cada parte desta planta é preciosa, a começar pelo tronco! De sua parte interna, retira-se uma polpa que - depois de ralada e seca - semelha-se ao coco ralado. É rica em propriedades nutritivas e aproveitada em alguns lugares no preparo de deliciosas rapaduras.

• O cozimento das raízes dá um tônico para os nervos, e é também remédio para as hemorragias renais.

• As folhas do mamoeiro, após secas à sombra, têm aplicação no preparo de agradável chá digestivo que pode ser dado livremente às crianças, pois não contém cafeína.

• O suco leitoso extraído das folhas é o vermífugo mais enérgico que se conhece. Usa-se diluído em água.

• Ainda é digestivo e cura feridas. Em diversos lugares, a medicina popular o utiliza para tratar eczemas, verrugas e úlceras.

• Os índios preparam a carne envolvendo-a com folhas de mamoeiro por algumas horas antes de levá-la ao fogo. Este processo amacia a carne.

• Com as flores do mamoeiro macho prepara-se um maravilhoso xarope que combate a rouquidão, tosse, bronquite, gripe e indisposições gástricas causadas por resfriados.

• Coloca-se um punhado de flores, com um pouco de mel em vasilha resistente ao calor, mas que não seja de alumínio. Acrescenta-se um copo de água fervendo, tapando-se bem. Depois de esfriar, toma-se às colheradas, de hora em hora.

• Com o fruto verde faz-se um doce maravilhoso. Pode-se também prepará-lo ensopado ou ao molho branco. É uma iguaria!

• O mamão maduro é altamente digestivo (cada grama de papaína - fermento solúvel contido no fruto digere 200g de proteína); tem mais vitamina C que a laranja e o limão; contribui para o equilíbrio ácido-alcalino do organismo;

• é diurético, emoliente, laxante e refrescante; cura prisão de ventre crônica comido em jejum, pela manhã, faz bem ao estômago é eficaz contra a diabete, asma e icterícia; bom depurativo do sangue; não pode faltar na alimentação da criança, pois favorece o seu crescimento.

• Depois de comer-se o mamão, esfrega-se a parte interna da casca sobre a pele para tirar manchas, suavizar a pele áspera e eliminar rugas.

• Mastigar de 10 a 15 sementes frescas elimina vermes intestinais, regenera o fígado e limpa o estômago. Comidas em quantidade, são eficazes contra câncer e tuberculose.

• Faltava dizer que qualquer uso que se faça de qualquer parte desta planta, traz consigo uma ação vermífuga poderosa, o que bastaria para destacar sua importância.


Melhor que consumir frutos do supermercado (colhidos verdes e amadurecidos à força no carbureto), é colhê-los já maduros no pé, no próprio quintal pois além disso serão livres de agrotóxicos.

Num espaço bem apertado cabem vários mamoeiros. Eles gostam de terra boa, bem adubada. Por exemplo, com lixo de cozinha ou com uma "Boca da Terra".

O consumo do mamão é recomendado pelos nutricionistas por se constituir em um alimento rico em licopeno (média de 3,39 mg em 100 gr), vitamina C e minerais importantes para o organismo. Quanto mais maduro, a maior a concentração desses nutrientes.

domingo, 17 de julho de 2011

Hegelianas II



Pelo fato do conteúdo empírico se apresentar concretamente á percepção imediata  dos sentidos, se apresenta  como certeza de um rico conhecimento dado, e até como conhecimento de riqueza infinda. Esta ‘sensação” de infinitude advém do fato de que o objeto, ou melhor, a certeza sensível que dele temos, não permite achar limites para ela, quer se examinemos desde ‘fora’, isto é, ainda que percorramos o espaço e tempo onde se expande, quer se penetramos no interior mesmo da plenitude desta sensação por meio de um de seus fragmentos. Em suma, a certeza sensível padece de plenitude, e se deleita com o todo do objeto que tem diante de si.


Comentário do Senhor C.:

- De todas as sensações humanas, a certeza sensível é a mais ilimitada, quer dizer, a que produz uma percepção ilimitada e se deleita na imediatez da apreensão sensível dos objetos que tem diante de si, sem se preocupar de  imediato em 'saber' o que é isso mesmo que tem diante de si. Puro prazer de fruição, eis a percepção in totum da certeza sensível!